São Paulo – 19 de dezembro. Toca o telefone do comitê de transição do novo governo do Estado de São Paulo. Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors do Brasil, diz a seu interlocutor: “Precisamos ser recebidos pelo governador eleito. É urgente”. A reunião, marcada para o dia seguinte, tinha duas expectativas distintas: do lado do governador recém-eleito esperava-se que a GM fosse anunciar novos investimentos no Estado. Na reunião do dia 20 veio o balde d’água fria: Carlos Zarlenga, então presidente da GM Mercosul, comunica pessoalmente a João Doria que havia uma decisão da matriz de fechar as fábricas no Estado de São Paulo.
O próprio governador descreveu esses dois momentos [ao lado de Zarlenga e Munhoz] durante o anúncio do investimento de R$ 10 bilhões exclusivamente nas fábricas paulistas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos para exaltar a agilidade da sua equipe em procurar alternativas e negociar incentivos para o não fechamento dessas unidades: “Este é um case histórico de reversão: mantivemos 65 mil postos de trabalho que seriam eliminados em nosso Estado”.
Naquele momento, em dezembro, entrou em cena o ainda ex-candidato à presidência da República e futuro secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles. Ele é amigo de Barry Engle, vice-presidente internacional da GM, e de Miami, nos Estados Unidos, Meirelles ligou para Engle pedindo para conversar sobre o assunto. Segundo Doria, Engle tomou um avião de Detroit, MI, e foi até a Flórida e ouviu pedido de Meirelles para que o board da GM revisse a decisão e desse uma oportunidade para que o novo governo criasse uma solução.
Para atender reivindicação da GM o governo do Estado criou o programa IncentivAuto, que devolve ICMS de produtos que tiveram investimento a partir de R$ 1 bilhão com geração de quatrocentos novos postos de trabalho.
Apesar desse programa também estar disponível para todos os fabricantes instalados no Estado nos corredores do Palácio do Bandeirantes um burburinho dava conta de que o IncentivAuto foi formatado para a GM. É que com o valor de R$ 10 bilhões os novos modelos Chevrolet poderão recolher a taxa máxima de devolução de ICMS, que é de 25%.
E após as negociações conduzidas pelo presidente Carlos Zarlenga com concessionários, fornecedores e sindicatos das duas fábricas em 19 de março, portanto três meses após o dia em que a GM decidiu sair de São Paulo, a fabricante diz que fica e que fará um dos maiores investimentos no Estado.
Foto: Leandro Alves.
Notícias Relacionadas
Últimas notícias