Porto Alegre, RS – Os dez anos estabelecidos pelos governos do Brasil e da Argentina para o início do livre-comércio de veículos nas fronteiras, definido pelo acordo comercial bilateral renovado na sexta-feira, 6, são considerados prazo bem razoável pelo presidente da General Motors América do Sul, Carlos Zarlenga, para que ambos os países façam a sua lição de casa e alcancem uma boa condição para competir internacionalmente. Mas essa tarefa depende muito mais dos governos, na sua avaliação.
Zarlenga conversou com um grupo de jornalistas brasileiros e argentinos durante o lançamento da nova geração do Onix em Porto Alegre, RS. Embora as economias tenham suas particularidades, ambas, na sua visão, têm deficiências na carga tributária e questões a serem resolvidas em infraestrutura.
“É preciso atacar o custo, que não está na porta de dentro da fábrica. Gravataí é a fábrica automotiva mais eficiente do mundo, mas 50% da receita gerada nela são impostos. Fazendo essa lição de casa podemos ter livre-comércio com qualquer parte do mundo.”
O presidente da GM voltou a tocar no tema da retomada do Reintegra, proposto ao governo brasileiro e ainda parado no Ministério da Economia. Ele defende um aumento da alíquota para 10% – hoje está em 0,1% –, que diminuiria parte da questão da falta de competitividade nas exportações: “O consumidor chileno não vai, e nem pode, pagar imposto do Brasil”.
Zarlenga acredita que tornando Brasil – e Argentina – plataforma exportadora a exposição cambial, muito forte em ambos os países, pode ser reduzida e deverá colaborar para que a lucratividade na região, algo em falta dentro da companhia, retorne: “A indústria tem capacidade, somados Brasil e Argentina, de produzir 6 milhões de veículos. Só na América Latina temos um mercado de 1,5 milhão de unidades que está sendo explorado por outras regiões”.
Visão elétrica – O presidente da GM América do Sul foi categórico: a visão da companhia e todos os seus esforços de investimento estão nos carros elétricos. Não há alternativa híbrida no meio do caminho.
Em outubro a rede Chevrolet começa a vender o Bolt, modelo elétrico produzido pela GM, por R$ 175 mil. Apesar do preço elevado, Zarlenga acredita que o automóvel possa ter boa aceitação no mercado brasileiro – ele crê em busca por consumidores mais antenados por tecnologia.
O executivo ainda deixou no ar a possibilidade de a Chevrolet oferecer uma picape no segmento criado pela Fiat Toro, que ocupará a faixa de mercado que, na linha Chevrolet, está vazio, da Montana até a S10: “Teremos trinta lançamentos até 2024, restam ainda dezenove. Estamos estudando este segmento”.
Foto: André Barros
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