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Conjuntura
29/04/2020

Programas setoriais devem ser revistos, apontam analistas

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – Afora a projeção de produção menor em função das paradas ocorridas nas fábricas instaladas no País, analistas apontam o retorno da indústria em cenário social, econômico e regulatório distinto daquele estabelecido no período pré-pandemia. São esperados meses de ritmo lento e problemas de liquidez e também a revisão dos caminhos nas políticas setoriais.

 

Na quarta-feira, 29, em transmissão via internet organizada pela AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Ricardo Abreu, consultor da Bright, disse que a covid-19 e seus efeitos na indústria deverão provocar modificações em programas de longo prazo considerados chave pelo setor automotivo, como é o caso do Rota 2030, a fase P8 do Proconve e o Renovabio.

 

“São programas que, juntos, constituem a base para o cenário da mobilidade do futuro, baseada na sustentabilidade. O que está acontecendo afetará os programas de forma que sejam reescalonados. Não poderá ser perdido o que já ficou estabelecido e o pouco que sobrar para se investir, em meio a tanta demanda por caixa, deve ser empregado no redesenho dos programas”.

 

Como modificação viável o consultor citou o direcionamento da matriz energética no qual a indústria pretende concentrar seus esforços de desenvolvimento no futuro: “Os principais nomes do setor precisam utilizar o tempo, agora, para se perguntar para onde devemos seguir: se será mirando os biocombustíveis ou a eletromobilidade. Tudo ainda é muito disperso”.

 

O Rota 2030, programa tornado lei em 2018, estabelece regras que concedem benefícios fiscais às empresas que desenvolverem produtos visando a redução de emissões. O Proconve 9, que, se pretendia, entrasse em vigor em janeiro de 2022, baliza pela norma Euro 6 as emissões de caminhões e ônibus produzidos no País. E o Renovabio é política que pretende estimular a adoção de novos combustíveis, menos poluentes, pela frota circulante.

 

Na mesma linha Marcos Clemente, do conselho diretor da AEA, propôs que sejam promovidas mudanças nos programas setoriais, uma vez que “o momento é propício para que melhorias sejam feitas”:

 

“Nem tudo nos programas setoriais depende de investimento, algo que deverá ser restrito na indústria por razões que já conhecemos. Concordo que a busca por um foco em termos de matriz energética é algo que poderia ficar mais claro na política setorial da indústria brasileira”.

 

Foto: Divulgação.