AutoData - Anfavea admite risco para os empregos do setor
Balanço da Anfavea
05/06/2020

Anfavea admite risco para os empregos do setor

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Foto Jornalista Marcos Rozen

Marcos Rozen

São Paulo – O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirmou na sexta-feira, 5, que a manutenção do nível de empregos no setor automotivo brasileiro está na berlinda: “Sem dúvida há risco [aos empregos]. Precisamos de retomada, produzir e vender, mesmo que de forma gradativa”.

 

Sem precisar números ele afirmou que “todas as montadoras” estão no momento aplicando algum mecanismo relativo ao quadro de trabalhadores, como redução da jornada e suspensão temporária do contrato, quando não ambos, de acordo com os termos da MP 936.

 

Moraes acredita que é “bom que estas ferramentas estejam disponíveis”, mas, ao mesmo tempo, afirmou que “não dá para ficar utilizando-as o tempo todo, pois o governo [que arca com uma parte dos salários] também tem um limite”. A prorrogação da MP está em análise no Senado.

 

O presidente da Anfavea acredita que a melhor forma de evitar demissões é a adoção de medidas de estímulo ao consumo, ainda que não tenha pormenorizado quais: “Precisamos de demanda para aumentar as possibilidades de manter o emprego.”

 

A Anfavea divulgou projeção na qual estima queda de 40% nas vendas ao mercado interno este ano, o que significaria 1 milhão 675 mil unidades emplacadas ante 2 milhões 788 mil de 2019. Este volume ainda é 45% inferior ao da projeção inicial da associação, de janeiro, que apontava 3 milhões 50 mil autoveículos comercializados no País em 2020.

 

“São 1,4 milhão de veículos a menos, volume que poderia gerar receita e emprego”.

 

Levantamento da Agência AutoData aponta que apenas uma vez na história o mercado automotivo nacional caiu neste nível. Foi de 1980 para 1981, quando o Brasil testemunhou redução de 40,75% nas vendas, de 980 mil para 581 mil.

 

Não é difícil, porém, que 2020 represente a quebra deste recorde, uma vez que os números acumulados do mercado até maio apontam somente 676 mil unidades comercializadas – ou seja, para a queda ficar no patamar de 40% calculado pela Anfavea seria necessário que fossem comercializadas 1 milhão de unidades de junho a dezembro.

 

Moraes diz que esta estimativa de baixa de 40% nas vendas leva em conta cenário calculado hoje, com previsão de redução do PIB de 7% a 7,5% e confiança em queda: “Tomara que não se confirme. Fizemos este cálculo sem considerar algum tipo de elemento de estímulo ao crédito e ao consumo. Caso venha a existir o cenário poderá ser menos dramático”.

 

Ainda de acordo com o presidente da Anfavea o Ministério da Economia “sinalizou” criar programas desta natureza, ainda que, segundo Moraes, seus representantes não tenham revelado quais e de quais formas poderiam ser colocados em prática.

 

Ele recordou algumas pautas e pleitos que são discutidos há tempos dentro do setor automotivo, como 300 mil consorciados contemplados que não trocaram suas cartas de crédito pelos veículos a que tem direito, além de iniciativas para facilitar os negócios via leasing e a redução do IOF para financiamentos via CDC. Estes temas, em seu ponto de vista, poderiam funcionar como estímulo para aquisição de veículos.

 

Foto: Divulgação.