São Paulo – A Toyota encerra na segunda-feira, 22, sua jornada de quase três meses sem produzir veículos no Brasil. Nesse dia as linhas de produção do Corolla em Indaiatuba, SP, voltarão a operar, assim como as da fábrica de motores em Porto Feliz, SP. Sorocaba, SP, de onde saem os Etios e Yaris, retorna apenas na sexta-feira, 26.
“São Bernardo voltou a produzir peças e componentes para atender pedidos dos Estados Unidos e Argentina no último 18 de maio. Agora começa a produzir também para atender as unidades brasileiras”, afirmou o vice-presidente Celso Simomura à Agência AutoData. “A produção da Hilux, na Argentina, retornou antes porque a demanda do agronegócio seguiu forte mesmo durante a pandemia.”
As medidas de segurança da indústria para evitar o espalhamento da covid-19, já aplicadas no retorno da fábrica do ABC paulista, serão seguidas na retomada das demais unidades. Menos passageiros ocupando os ônibus fretados, câmeras para medir a temperatura dos trabalhadores e distância maior de um operário para o outro fazem parte do protocolo, adotado, também, por outras unidades Toyota ao redor do mundo.
Além das fábricas brasileiras apenas a unidade portuguesa da Toyota segue parada – retorna em 30 de junho. A explicação para tanto tempo de paralisação por aqui está na forma com que a Toyota sempre operou no mercado brasileiro: um passo cuidadoso atrás do outro. Segundo Simomura os estoques da empresa ainda podem abastecer o mercado brasileiro por duas semanas.
Sorocaba retornará apenas em um turno. Indaiatuba trabalhará em dois turnos até julho, quando os trabalhadores de um dos turnos voltam para casa. Sem demissões: a Toyota suspendeu contratos de trabalho e reduziu a carga horária com base nas regras da MP 936: “Enxergamos uma demanda maior para o Corolla, que é mais novo e tem sido um sucesso”.
Segundo Simomura todos os fornecedores estão preparados para o retorno: “Nós nos reunimos com eles recentemente e 82% das empresas que nos atendem já retornaram para fornecer a outras montadoras. Identificamos, porém, algumas dificuldades nos tier 2 e 3 e estamos discutindo maneiras de ajudar, seja financeiramente, seja provendo TPS, processos de melhoria contínua, sistemas dos quais a Toyota tem o know-how”.
Embora não acredite em retomada em alta velocidade a Toyota aposta, sim, na recuperação do mercado brasileiro. Simomura, que é um dos participantes do Seminário AutoData Megatendências do Setor Automotivo – a Revisão das Perspectivas para 2020, crê em um retorno não tão rápido mas consistente. Evitou, porém, citar números:
“Está difícil de prever, o mercado brasileiro ainda está muito volátil. Há cidades que estão com lojas reabrindo, outras fechando, não é um movimento uniforme”.
A crença na retomada fez com que o plano de investimento de R$ 1 bilhão para a fábrica de Sorocaba, anunciado no ano passado, seguisse seu ritmo mesmo com a pandemia. Segundo Celso Simomura não houve mudança, nem extensão de prazo: o novo SUV sairá das linhas no ano que vem.
O que a pandemia e, principalmente, a valorização do dólar deverão acelerar é o processo de nacionalização de peças e componentes, segundo o vice-presidente da Toyota: “Fizemos um planejamento e estamos seguindo. Nossa intenção é nacionalizar o máximo possível”.
Foto: Christian Castanho.