São Paulo – São três os desafios principais que o setor automotivo enfrenta durante a crise, já considerada a maior da história, que a indústria passa em decorrência da pandemia de covid-19, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes: gestão da mão de obra, liquidez da cadeia e ações para estimular o mercado. O executivo foi o primeiro a palestrar no Seminário AutoData Megatendências do Setor Automotivo – a Revisão das Perspectivas 2020, que começou na segunda-feira, 29, e vai até a sexta-feira, 3 de julho, totalmente online.
Sobre a mão de obra o executivo elogiou o texto inicial da MP 936 proposto pelo governo e o trabalho, realizado junto ao setor automotivo pelo Congresso, para aprimorar as medidas. Segundo Moraes, até facilitou a questão operacional de colocá-lo ativo: "Todas as montadoras, praticamente, usaram algum mecanismo presente na MP 936 para ajudar na manutenção dos empregos e entender como o mercado caminhará no segundo semestre".
Com relação à liquidez da cadeia, ainda é preciso ser visto com cautela, uma vez que as medidas anunciadas pelo governo ainda não chegaram na ponta final. Pequenas e médias empresas do setor seguem sem acesso às linhas de crédito, assim como em outros setores. A dificuldade é a mesma para todos: o crédito está caro. “Quando todas as áreas reclamam, algo está errado”, disse Moraes, que admitiu ter ouvido de gente do Ministério da Economia que as coisas não saíram da maneira que eles planejavam.
Para mudar o cenário a Anfavea segue trabalhando em algumas frentes. Uma delas, o acesso dos bancos das montadoras a um canal de captação de recursos do Banco Central para gerar linhas de crédito às empresas do setor, sem depender do mercado e de outras instituições privadas, já é realidade:
"Os bancos das montadoras já estão conseguindo captar esses recursos, mas ainda considero o processo em fase amarela. Mudará para a fase verde quando as linhas de crédito chegarem às pequenas e médias empresas. Esperamos que nos próximos dias isso se concretize, mesmo com taxas não tão boas".
A entidade também segue em reuniões com o Banco Central e outros órgãos do governo, como o BNDES, buscando medidas específicas para as empresas do setor. Inclusive com relação à questão dos créditos tributários.
Por fim as ações do governo para fomentar o mercado e, consequentemente, o consumo, aparecem como o desafio mais distante de se tornar realidade para o setor automotivo. Segundo Moraes até agora o governo não sinalizou nenhuma medida diretamente relacionada ao tema para nenhum setor. O presidente da Anfavea considera esse ponto muito importante e apresentou alguns exemplos adotados por governos de outros países. “É melhor ter alguma medida desse tipo agora do que ter que pagar seguro-desemprego no futuro”.
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