São Paulo – Sistemistas têm visão semelhante à das montadoras a respeito da queda da produção de veículos em 2020. Em painel que reuniu Besaliel Botelho, presidente da Robert Bosch, Frédéric Sebbagh, presidente do Grupo Continental, Marcos Oliveira, presidente da Iochpe-Maxion, e Raul Germany, presidente da Dana, no Seminário Megatendências do Setor Automotivo – A Revisão das Perspectivas 2020, na quarta-feira, 1º, as projeções indicaram recuo na casa dos 35% a 40% na comparação com 2019.
Germany, da Dana, optou por fazer projeções apenas para veículos comerciais e máquinas agrícolas, segmentos que representam o seu maior volume de negócios: "Esperamos uma queda de 10% a 15%, mesmo com a expectativa de uma retomada em ritmo mais forte a partir do quarto trimestre".
A localização de componentes foi outra pauta debatida no painel. Neste caso os executivos mostraram opiniões diferentes. Botelho, da Bosch, acredita que esse movimento já acontece no País, mas falta interesse das montadoras:
"Isso é fácil de acontecer por aqui, pois nós já produzimos localmente tudo o que a empresa oferece em outros mercados. Falta um interesse maior das montadoras, que, em muitos casos, acabam importando componentes por causa de suas estratégias globais. Claro que a questão da competitividade é um entrave, mas somos dependentes das políticas globais das companhias".
Sebbagh, da Continental, concordou que a competitividade é um entrave e colocou um peso maior nessa questão: "O custo Brasil é um ponto que sempre debatemos e precisamos melhorar para sermos mais competitivos e aumentar o portfólio nacional. Hoje não vejo esse movimento acontecendo de maneira clara sem que antes algumas mudanças sejam realizadas".
A produção nacional com foco nos produtos de maior demanda na região, com o portfólio sendo complementado pelas fábricas instaladas em outros países, é um modelo de negócio que agrada Oliveira, da Iochpe-Maxion: "Esse tipo de operação funciona muito bem para nossa empresa. Localizamos a engenharia apenas em alguns países e assim ganhamos escala, e a produção de uma unidade complementa a da outra, fomentando também as exportações".
Maior produtividade e credibilidade global foram fatores lembrados por Germany, da Dana, que considerou uma mudança nesse cenário como decisiva para atrair os investimentos necessários para aumentar a produção local, assim como maior estabilidade na comparação com o mercado global.
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