São Paulo – As discussões sobre uma política industrial posterior ao Rota 2030, já chamada de Rota 2050, começam a ficar mais intensas a partir deste mês. Indústria e governo olham para o longo prazo e, para a alegria dos executivos das empresas automotivas, têm surgido opiniões convergentes. Alguns temas apresentados por Margarete Gandini, coordenadora geral de implementação e fiscalização dos regimes automotivos do Ministério da Economia, no Seminário AutoData Megatendências 2021, na tarde da segunda-feira, 8, via on line, são velhos conhecidos e demandados por executivos do setor há anos, como a renovação de frota de caminhões e a correção do custo Brasil para alavancar exportações.
Sobre o primeiro Gandini deu sinais de animação aos participantes do seminário e representantes da indústria: “Agora vai! Estamos bastante otimistas, a discussão envolveu diversos atores, indústria, frotistas e caminhoneiros, e chegamos a um projeto em consenso. A proposta é a de que um programa piloto entre em operação ainda este ano”.
O ponto central é a substituição, voluntária, dos caminhões mais antigos por modelos mais novos. A ideia é fazer algo escalonado, retirando os mais velhos, e poluentes, de circulação, em linha com o que é proposto pela Anfavea. Este programa, segundo Gandini, seria gerido nos moldes do Rota 2030, com governo e indústria dividindo a organização.
Em paralelo o governo trabalha, também, com a ideia de um corredor verde, criando rotas que sejam estratégicas para caminhões movidos a combustíveis alternativos, como GNV, biometano e GNL. Gandini concorda com a Anfavea: estes movimentos são soluções à questão do aumento do preço do diesel, uma vez que caminhões mais velhos consomem mais combustível.
Soou também como música aos ouvidos dos executivos do setor o planejamento de redução do custo Brasil como parte de um projeto maior, de promoção das exportações. A coordenadora do Ministério da Economia tem a mesma visão há anos, difundida pelos representantes do setor: a ineficiência do Brasil, hoje, está da porta da fábrica para fora e envolve carga tributária, logística, burocracia, etc.
Não há, porém, tanto otimismo com relação à velocidade dessa mudança: “Reduzir o custo Brasil não é como correr uma prova de 100 metros: é uma maratona. Estamos otimistas, mas as coisas precisam acontecer no timing político”.
Inserir a indústria brasileira à global passa também por uma política de mobilidade sustentável e inteligente, outro vetor do Rota 2050. Incentivar o carro verde e conectado, com tecnologias elétricas, autônomas e outras matrizes energéticas está nos planos do governo, bem como colocar a redução de emissão de CO2 em todo o ciclo de vida do veículo, da linha de montagem ao seu uso.
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