São Paulo – O segundo trimestre será mais problemático para o abastecimento de componentes eletrônicos para a indústria automotiva global. Antonio Filosa, presidente da Stellantis, disse esperar meses difíceis, com muito trabalho para as áreas de logística, de compras e de produção para tentar minimizar a situação.
“Acho que só vamos conseguir respirar no fim do ano, começo de 2022”, afirmou a jornalistas na quinta-feira, 6. “Os riscos estão maiores no segundo trimestre, comparado com o primeiro. Não só para a Stellantis mas para a indústria no geral.”
Na América Latina a Stellantis conseguiu se sair bem, dentro do possível, no primeiro trimestre. Para Filosa colaborou a forte localização de componentes que os modelos Fiat e Jeep possuem e o trabalho das equipes de logística, compras e produção, que monitoram a situação a todo o momento.
“Colaboramos com os fornecedores, porque muita coisa que eles usam ainda vem da China, de Taiwan. Seguimos com a estratégia no segundo trimestre, mas os riscos estão maiores.”
Filosa disse que a crise é temporária e contou que muitos dos fornecedores de componentes eletrônicos, em especial os semicondutores, cuja falta tem sido a mais relatada, estão investindo em aumento de capacidade e abrindo novos turnos. Mas, como na indústria automotiva, demora algum tempo para o investimento dessas empresas maturar — daí o prazo alongado: ele não crê em solução ainda em 2021.
O presidente da Stellantis acredita que muitas empresas mudarão sua forma de enxergar o seu próprio negócio, buscando mais produção local para não ficar tão expostas a crises como essas: “Agora é a hora de pensar e decidir: correremos risco de termos novas crises como essa ou trataremos de buscar a própria independência? A crise está fazendo muita gente refletir e reformular suas estratégias no médio prazo”.
A da Stellantis é clara, e já desde antes da crise: buscar mais componentes locais. Agora integrando os negócios de Peugeot e Citroën ao que já vinha se fazendo com Fiat e Jeep. Filosa admitiu que os motores turbo flex produzidos em Betim, MG, podem equipar modelos das duas marcas francesas mais à frente. Ele lembrou, porém, que antes de dezoito meses não se faz um desenvolvimento que permita colocar um motor novo em um carro: “São bons motores, que serão exportados inclusive. Queremos colocá-los no maior número possível de modelos”.
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