São Paulo – O presidente da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa, garante estar “cheio de otimismo” com relação ao mercado brasileiro, ainda que muitos obstáculos estejam à sua frente, agora e mais adiante. Ao mesmo tempo em que a indústria enfrenta uma crise de fornecimento de semicondutores e a pressão inflacionária – que já há meses atinge o setor automotivo – avança para os consumidores, o executivo italiano prefere passar mensagens positivas e aposta na resiliência e criatividade do brasileiro.
“O Brasil tem um povo com garra, as pessoas são muito boas aqui. É difícil ser otimista em algumas situações, mas temos fundamentos para isso. Eu prefiro manter essa visão otimista do futuro.”
Filosa lamentou, em conversa com jornalistas na quarta-feira, 1º, que a escassez de semicondutores tenha criado um problema de oferta na indústria, que se juntou a um de demanda por causa da covid-19: havia a expectativa de que a pandemia arrefecesse este ano, mas se alongou mais do que o imaginado. Assim o retorno aos volumes de 2019, que poderia ter vindo este ano ou no ano que vem, foi adiado. Para quando o executivo prefere não apostar, até porque o cenário tempestuoso se avizinha, com a crise hídrica agravando a pressão na inflação – e, admite, não há muito otimismo para 2022, quando a questão política tende a ficar mais tumultuada por causa das eleições.
O que ele garante é que tudo passará: “A crise dos semicondutores acabará um dia. Não será nos próximos meses, avançará sobre 2022, mas quando ela passar teremos adotado processos de otimização nas fábricas que nos deixarão ainda mais eficientes. A inflação, aqui, sempre foi de ciclos, de altos e baixos. Pode subir, mas uma hora cairá. E a demanda por transporte no Brasil existe, ela cai nos momentos mais difíceis, mas uma hora retorna”.
A demanda está em curso no mercado, apesar da covid-19. Segundo Filosa as vendas deverão encerrar o ano na casa das 2 milhões 350 mil unidades, mais por falta de capacidade da indústria em elevar o volume do que por ausência de clientes. Na Stellantis a prioridade é atender o cliente, independentemente de região geográfica ou da margem de lucro.
“Não estamos priorizando nenhum canal: atendemos a demanda de forma equilibrada. Um mercado não pode sofrer mais do que o outro, não pode faltar carro no Chile para atender o Brasil, por exemplo. Do mesmo modo não deixamos de produzir um modelo para acelerar outro, em todo o mundo.”
Para tentar contornar a crise a Stellantis mantém-se próxima aos fornecedores, para identificar soluções em todo o processo e evitar paradas. A engenharia, local e global, também trabalha para, com alternativas técnicas, ajudar a flexibilizar linhas. Estas soluções por vezes, admite o presidente, são mais custosas: “Nem sempre são perfeitas. Não devem impactar na qualidade, mas muitas vezes impactam os custos”.
O resultado está sendo positivo. As marcas do grupo registram desempenho superior ao da concorrência e a Fiat assumiu a liderança do mercado, com a picape Strada sendo o modelo mais vendido do País.
A isso Filosa credita, também, o plano de investimentos anunciado em 2018, mantido mesmo com a pandemia, e que começou a dar frutos no ano passado, com o lançamento da própria Fiat Strada, depois do Jeep Comander e do Pulse, primeiro SUV Fiat produzido aqui, que chegará aos consumidores brasileiros até o fim do ano.
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