São Paulo — A novela dos semicondutores está longe do fim. A vítima da vez é a fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais, PR, que suspenderá a produção do T-Cross por duas semanas devido à falta de componentes. Dos 2,4 mil funcionários que trabalham ali, 2,1 mil estão em casa desde a segunda-feira, 8.
Estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba aponta que até 5 mil veículos deixarão de ser produzidos no período. A entidade acordou com a montadora a concessão de dez dias de férias coletivas e um dia de folga com desconto no banco de horas aos 1,8 mil operários do chão de fábrica mais os quatrocentos colaboradores indiretos que atuam no controle de qualidade e de materiais e na área de suporte. O retorno é aguardado para 22 de novembro.
Segundo o secretário geral do sindicato, Jamil Dávila, essa parada não criará impacto sobre as férias coletivas do fim do ano, pois foi negociado também que os empregados terão pelo menos duas semanas de folga havendo ou não semicondutores para a produção.
Dávila contextualizou que, dependendo do modelo do veículo, são necessários de trinta a cinquenta semicondutores, e que nem sempre falta o mesmo componente: “Uma hora é o do freio, outra o da direção, outra o dos vidros elétricos. Se faltassem peças de fácil reposição, e que não interferissem na produção, por exemplo, se fossem os dos faróis, seria possível fabricar o carro e deixá-lo no pátio para finalizar assim que os chips fossem entregues. Mas não é o caso e daí a necessidade suspender os dois turnos da linha de produção”.
De acordo com ele o ano deve terminar com produção aproximada de 100 mil unidades do T-Cross, o que dá média de 8 mil a 10 mil carros por mês. Dessa forma até 5 mil veículos deixarão de sair da linha de montagem nesse período de parada: “Quando há disponibilidade de semicondutores a produção segue a pleno vapor e conseguimos fabricar em torno de quinhentos carros por dia. O problema é quando não há".
Com 51 mil 8 unidades vendidas de janeiro a outubro o T-Cross é o segundo modelo mais comercializado pela Volkswagen, atrás do Gol, com 51 mil 35 emplacamentos, feito em Taubaté, SP.
A empresa afirmou, por meio de nota, que nos últimos meses a equipe da Volkswagen América Latina "tem trabalhado intensamente, em parceria com a matriz e fornecedores, para minimizar os efeitos da escassez de semicondutores para a produção em suas fábricas na região. Entretanto, o cenário atual não demostra o encaminhamento para uma solução definitiva visando a normalização do fornecimento de chips”.
Também por esse motivo a planta Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, está operando em um turno desde 1º de novembro devido a lay off concedido a 1,5 mil trabalhadores, que se somam a grupo de 450 que já estão com contratos de trabalho suspensos na unidade. No local são feitos Nivus, Polo, Saveiro e Virtus.
Do fim de setembro ao começo de outubro a planta ficou parada por duas semanas, assim como um dos turnos em Taubaté, onde também é fabricado o Voyage.
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