São Paulo – Há quinze meses o principal obstáculo enfrentado por micro e pequenas indústrias brasileiras tem sido a falta de matérias-primas, ou o seu alto custo. No trimestre encerrado em setembro não foi diferente: de acordo com o Panorama da Pequena Indústria, realizado pela CNI, Confederação Nacional da Indústria, 61,3% dos empresários responderam que a questão dos insumos ocupa o topo do ranking dos seus problemas.
Os problemas têm afetado o mundo todo, a exemplo da persistente crise dos semicondutores. Adriano Oliveira, economista especialista no setor automotivo, destacou, porém, que na Europa nova preocupação começa a bater na porta das montadoras: o risco global de escassez de magnésio.
O metal é utilizado na fabricação de ligas de alumínio, insumo usado na produção de eixos, rodas, freios, tanques de combustível e blocos de motores. Ou seja: sem ele não há carro. E, diante do cenário de alerta vermelho, os preços da tonelada já mais que triplicaram: em yuan, moeda da China, o preço passou de 20 mil para 71 mil.
“A China fornece 85% do magnésio usado no mundo. O país tem atravessado forte crise energética, tanto que algumas fábricas de magnésio reduziram a produção até pela metade para que haja eletricidade para uso residencial.”
O preço da tonelada do alumínio, que dobrara durante a pandemia e atingiu US$ 3,1 mil, agora começou a recuar e está em US$ 2,6 mil.
Quanto ao minério de ferro, depois de atingir pico em julho, ao quase triplicar o seu valor, chegando a US$ 225, teve redução no seu preço, hoje US$ 87,50. O que começa a refletir no custo do aço, que também começou a baixar, mas ainda está em patamar elevado. Em yuan foi de 6 mil para 4,3 mil.
“A inflação tem se tornado um problema mundial que, diante da falta de insumos, é ainda mais pressionada. O que só complica a vida do fabricante, mais ainda se for de menor porte.”
Soma-se a essa conta o desembolso com combustíveis, que, embora não conste do levantamento da CNI, também pesa na receita industrial. O barril de petróleo, que tradicionalmente variava de US$ 100 a US$ 120, e que foi ao vale de US$ 36 em 2016, recuperou para US$ 80 em 2018, no ápice da pandemia despencou para US$ 26 e agora está em US$ 82.
“O problema é o dólar, também nas alturas, na casa de R$ 5,50, que deixa impraticáveis os preços dos combustíveis, o que causa forte impacto sobre o custo do frete do transporte.”
Outro percalço relatado pelos industriais na pesquisa da CNI é o desembolso com a carga tributária, que tem como um dos maiores prejuízos o custo Brasil e a redução na competitividade do produto nacional no Exterior, apesar do dólar valorizado. Para 35,4% dos entrevistados esse é o segundo maior problema.
Na terceira posição, para 29,2% dos ouvidos, aparece a falta, ou o alto custo, de energia. Conforme dados do IPCA divulgados na quarta-feira, 10, a eletricidade avançou 1,16% em outubro e, no acumulado de doze meses já encareceu 30,2%: diante da falta de chuvas e do acionamento de termelétricas a conta chega mais cara.
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