São Paulo – Após um janeiro difícil, com nível elevado de absenteísmo nas fábricas automotivas brasileiras por causa da variante ômicron do coronavírus, a produção nacional de veículos se recuperou em fevereiro e foi 14% maior do que em janeiro, mesmo com menos dias úteis. Saíram das linhas de montagem 165,9 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, segundo divulgou a Anfavea na terça-feira, 8.
O resultado foi 15,8% inferior ao registrado em fevereiro do ano passado. Também caiu o volume de veículos produzidos no primeiro bimestre: as 311,4 mil unidades representam queda de 21,7% com relação aos primeiros dois meses de 2021.
A razão desta queda, segundo o presidente Luiz Carlos Moraes, é a menor disponibilidade de semicondutores. No primeiro bimestre do ano passado o impacto da crise de abastecimento ainda não estava tão forte como o foi no decorrer de 2021: “Em fevereiro tivemos também um nível mais elevado de absenteísmo, embora bem menor do que em janeiro. Agora, em março, posso dizer que a questão da pandemia já foi superada: o desafio segue sendo o abastecimento de peças”.
Nos seus cálculos o primeiro semestre deverá registrar uma média mensal de produção de 150 mil a 160 mil unidades por mês, mesmo nível do terceiro trimestre de 2021. A expectativa é a de que a partir da segunda metade do ano o ritmo cresça, embora um novo componente, a guerra na Ucrânia, surja como mais um fator negativo.
“Ainda não é possível medir os impactos da guerra na produção. O que podemos é elencar alguns fatores que, direta ou indiretamente, atingirão nossa indústria, como o aumento no preço das commodities, os riscos no transporte de cargas e a pressão inflacionária.”
Esta pressão inflacionária, especialmente, preocupa o presidente da Anfavea, que teme novos aumentos na taxa Selic e redução no ritmo da economia: “O Banco Central precisa ter muita atenção na calibragem da taxa de juros. Precisa controlar a inflação se ela não é de demanda, e sim um efeito global? Talvez seja melhor admitir que tenhamos um pouco de inflação e manter a economia girando”.
Como considera ainda prematura a questão da guerra a Anfavea não mexeu nas suas projeções para o ano. Na produção a entidade calcula crescimento de 9,4% sobre o ano passado, alcançando 2 milhões 460 mil unidades.