São Paulo – A Volkswagen segue com o seu planejamento de modernizar a planta de Taubaté, SP, iniciado este trimestre, para lançar, em 2023, nova família de compactos do projeto Polo Track, sobre a plataforma MQB. Também integram os planos o avanço na descarbonização com a inauguração do Centro de P&D de Biocombustíveis, em São Bernardo do Campo, SP, aguardada para setembro. Tudo dentro do ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões anunciado no ano passado e que se estenderá até 2026.
Foi o que afirmou Ciro Possobom, COO da Volkswagen do Brasil e vice-presidente de finanças e estratégias de TI da Volkswagen Região América do Sul durante o segundo dia do Seminário Megatendências 2022, realizado de forma online pela AutoData Editora até quarta-feira, dia 16.
Não alheio aos percalços o executivo ponderou que a expectativa para o mercado de automóveis leves este ano, na visão da montadora e em linha com a Anfavea, era de 2,1 milhões de unidades antes de eclodir a guerra Rússia-Ucrânia. O que representaria alta de 8% ante os 1,9 milhão de veículos em 2021. Agora, porém, avaliou não ser mais possível afirmar isso, uma vez que os impactos ainda serão conhecidos e avaliados.
Possobom assinalou que um dos planos da empresa é continuar lançando mão dos SUVs, como o T-Cross, o Nivus e o Taos, pois a tendência é que a presença desse tipo de veículo continue crescendo no mercado brasileiro ao ocupar espaço que foi sendo deixado de lado pelos hatchbacks, que em doze anos encolheram 23 pontos porcentuais em participação, de fatia de 51% para 28%. Segundo o COO, embora se trate de segmento relevante, ele nunca foi de alta lucratividade:
“Os SUVs evoluíram muito de 2010 para cá. À época eles representavam 5% do mercado e, hoje, 34%, ou seja, houve avanço de 29 pontos porcentuais”.
Ele afirmou que, no ano passado, a aposta da empresa nesses modelos ajudou muito na rentabilidade da Volkswagen. O que também vem contribuindo é o software VW Play, com catorze aplicativos, que foi desenvolvido pela equipe de engenharia do Brasil e atualmente é exportado para mais de setenta países.
Quanto à descarbonização, assunto levado a sério pela montadora, que encabeça discussões e parcerias para explorar mais possibilidades de uso do etanol, o diretor operacional citou que, como a Volkswagen foi a primeira a lançar um carro flex, a ideia é que ela siga como protagonista na área:
“Vemos grandes oportunidades de vender veículos, motores e até mesmo tecnologia envolvendo o etanol. Temos a sorte de viver em um país em que 85% da energia é limpa. E o etanol, se comparado à gasolina, gera 90% menos de CO2, além de criar 22 milhões de empregos e responder por 5% do PIB. Lugares como Índia, Colômbia e o norte da África não tem essa mesma sorte, mas têm interesse nessa nossa jabuticaba”.
Ciro Possobom
Com relação à Índia, comitiva brasileira coordenada pelo governo federal faria viagem ao destino em janeiro, mas, devido à onda da variante ômicron da covid-19, a visita foi postergada, possivelmente para o mês que vem: “Boa parte da matriz energética do país provém do carvão. A exportação do etanol e do motor flex é vista como uma oportunidade para o Brasil e para a montadora”.
No mercado local Possobom assinalou que a Volkswagen segue atuando em todas as frentes: motores flex, híbridos e elétricos. Para ele, independentemente do tamanho do mercado de cada uma das modalidades, é importante ter opções aos clientes. O avanço da eletrificação, assinalou, vai depender de infraestrutura e planejamento: “Lá fora, em lugares em que o elétrico é mais presente, existe incentivo fiscal. O que para nós está um pouco distante”.