São Paulo – A questão dos semicondutores voltou a alterar a rotina dos trabalhadores da Volkswagen. Na planta Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, a disponibilidade de chips fez com que, após dois meses de trabalho e salários reduzidos, a jornada voltasse ao normal em setembro.
Por outro lado, em Taubaté, SP, novo grupo de oitocentos trabalhadores ficará em casa por dois meses, inicialmente, o que poderá se estender por até cinco meses. No mês passado mesmo volume de empregados entrou em férias coletivas ao longo de vinte dias.
A Volkswagen confirmou as duas situações. Assinalou que em São Bernardo não utilizará redução de jornada prevista em acordo coletivo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em setembro. A entidade complementou que haverá análise mês a mês para avaliar o cenário e decidir se a produção cheia será mantida.
Em Taubaté, a montadora informou que o layoff a partir de 1º de setembro está previsto em acordo coletivo firmado entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região e que o motivo de sua utilização é em razão da falta de semicondutores.
No ABC Paulista – Na unidade Anchieta, apesar de haver componentes eletrônicos para finalizar os veículos este mês, principalmente de rádios, o sindicato destacou preocupação com o fato de que a montadora está lidando com problemas políticos para escoar a produção de carros na Argentina, uma vez que o navio não pode ser atracado no país vizinho.
O coordenador da entidade José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, reforçou a necessidade de se encontrar solução sem que haja prejuízo aos 4,5 mil operários do chão de fábrica:
“Quando olhamos uma situação como essa dos semicondutores, que é mundial, temos o entendimento que tem que haver redução de salário, de jornada para atravessar a crise, e temos um acordo que regula tudo isso. Mas não dá, por um motivo como esse da Argentina, para ter discussão de jornada de trabalho.”
Após o retorno das férias coletivas, de 27 de junho a 7 de julho, o porcentual de redução na jornada havia sido de 24% e, nos salários, de 12%, o que poderá ser retomado se necessário.
No Vale do Paraíba – Segundo o sindicato de Taubaté, durante o período do layoff os oitocentos profissionais, que representam um quarto do efetivo na fábrica, composto por 3,2 mil funcionários, participarão de cursos do Senai.
O presidente do Sindmetau, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, Cláudio Batista, o Claudião, afirmou que o cenário é preocupante. “Não sabemos até quando a produção de componentes, em especial de semicondutores, continuará a afetar a indústria automotiva.”
Nas duas plantas da Volkswagen as entidades firmaram acordo de estabilidade no emprego até 2025.