São Paulo – Projeções mantidas: apesar do resultado abaixo do esperado no primeiro trimestre, quando um crescimento mais robusto foi projetado pelos analistas por se comparar com um período de baixas vendas, prejudicado pela crise dos semicondutores, a Fenabrave manteve a expectativa de, em 2023, igualar o resultado de 2022, divulgada no início do ano. As vendas somariam, portanto, cerca de 2,1 milhões de unidades.
Seu presidente José Maurício Andreta Júnior, porém, ainda tem esperança de que o mercado cresça: “Ainda estamos diante de um cenário de muitas incertezas, com o governo buscando aplicar medidas que destravem a economia e as vendas. Esperamos que, em julho, possamos divulgar projeções mais claras e otimistas”.
Será preciso uma bela virada no jogo para que o mercado cresça. Embora o trimestre tenha fechado com alta de 35,5% sobre os primeiros três meses do ano passado, para 471,6 mil licenciamentos, a base de comparação é baixa por causa da crise pela qual a cadeia de suprimentos passou no início de 2022. Andreta Jr ressaltou que a comparação deveria ser feita com 2019, no período pré-pandemia: aí o resultado seria queda de 22,4% comparada com as 607,6 mil unidades emplacadas naquele período.
“Este crescimento não reflete a realidade do mercado, deveríamos comparar com o período pré-pandemia. Temos ociosidade nas montadoras e o tíquete médio nas concessionárias caiu muito. Esperamos uma recuperação mais consistente a partir de agora.”
O resultado de março foi encarado como um alento: 198,9 mil unidades, crescimento de 35,1% sobre o mesmo mês de 2022 e de 52,6% na comparação com fevereiro.
As vendas diretas, porém, seguraram o mercado. Dos 186,6 mil automóveis e comerciais leves licenciados no mês 48,9% foram por faturamento direto – índice que inclui vendas a locadoras, frotistas, pequenos agricultores e PcDs, dentre outros. No ano 46% das vendas de leves, de um total 436,8 mil unidades, foram diretas. A Fenabrave calcula que as locadoras representaram em torno de 30% do volume total.
A grande questão, segundo Andreta Jr, são os financiamentos: mais de 70% das vendas são feitas à vista, invertendo uma tendência do mercado local de sempre ser majoritariamente formado por vendas financiadas. E as aprovações de fichas, de acordo com o presidente da Fenabrave, estão na casa dos 68%.
“Nós somos a favor. A população perdeu seu poder de compra e o carro subiu muito de preço, por diversos fatores, e precisamos aumentar a massa de população que tenha acesso aos automóveis 0 KM. Até para ajudar a descarbonizar o País: quanto mais antigo o carro em circulação mais ele polui.”
Andreta Jr considerou positiva também a iniciativa do governo de promover um programa de renovação de frota, levantada ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.