Expectativa é que haja redução de impostos ao setor como um todo
São Paulo – O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que em 25 de maio, Dia da Indústria, o governo anunciará “boas novas para o setor” sem especificar quais seriam. Foi durante a abertura do Fórum Paulista de Desenvolvimento em São Bernardo do Campo, SP, onde ele falou sobre a necessidade da reforma tributária e do fortalecimento do comércio exterior na América Latina.
Nos últimos dias comitivas de montadoras passaram por Brasília, DF, para reuniões com representantes do MDIC. Preocupadas em preencher a ociosidade de 47% frente à capacidade de produção de 4,5 milhões de veículos e em vender mais, a fim de abreviar medidas como layoff e a redução de salário e jornada, as empresas, sem a mediação da Anfavea, que não participa destas negociações com o governo, expuseram individualmente suas propostas e seus anseios.
A expectativa do setor é que, em um primeiro momento, o anúncio envolva a indústria como um todo, o que abrange a cadeia automotiva – empresas que não dispõem de ferramentas de manutenção de emprego –, e não algo específico para as empresas fabricantes de veículos. Ou seja: o governo deverá mexer nos impostos e, quem sabe, anunciar regra que crie financiamento mais acessível. O que poderá envolver também o uso do saldo do FGTS para a aquisição d veículos 0 KM, segundo informou reportagem publicada pela Folha de S. Paulo no fim de semana.
Como efeito colateral o preço dos veículos poderá ficar menor e o acesso a eles mais simples. A ideia é seguir atendendo às questões ambientais e às da segurança veicular, sem retroceder no que já foi estabelecido e incorporado aos automóveis. A pedido das montadoras o governo deverá evitar a expressão “carro popular”, substituída por “carro de entrada”.
Ressaltou, entretanto, que era preciso conseguir modelagem factível para transformar a ideia em projeto, e que isto contaria com informações das montadoras, que foram consultadas. Assinalou que não adiantaria ter um carro mais barato se não houvesse financiamento para adquiri-lo, até porque a camada da população que compraria esse veículo precisa de crédito – um desafio para tempos de Selic a 13,75% ao ano e inadimplência em mais de 5%.
E que a ideia não é reduzir itens de série, como ar, direção, vidros e travas elétricos, rádio, quatro airbags, controle de estabilidade e controle de rampa, mas diminuir o seu preço com base no benefício concedido pelo governo. Com isto o consumidor que migrou para o usado poderá voltar a comprar o novo.
Em reunião com representantes da Volkswagen, da Mercedes-Benz e da Scania, que precedeu o evento em que Alckmin prometeu o anúncio de boas novas ao setor, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, contou que o objetivo foi debater ações para devolver o protagonismo ao ABC Paulista e aquecer a venda de veículos, o que inclui medidas que tenham como foco os veículos de entrada.
Morando defendeu que é importante que o benefício anunciado no dia 25 atinja também pessoas jurídicas, que atualmente são os maiores compradores de veículos do País: “Não adianta criar veículo popular e reduzir tributos apenas para pessoas físicas. Também pleiteamos subsídios em juros especialmente para financiamentos de veículos pesados, cuja indústria teve uma queda de 40% na comparação com o ano passado, além da volta do Finame”.
Nova fase do Rota 2030 foi prometida para fim do primeiro semestre
A nova fase do Rota 2030 deverá ser anunciada até o fim de junho. Calcada em descarbonização e inovação terá nova meta de eficiência, do poço à roda, ou seja, o ciclo completo do uso do combustível, e não somente do tanque à roda.
“Apresentaremos nossas metas em termos de descarbonização e de pesquisa e desenvolvimento. A partir daí como as empresas farão, como alcançarão as metas, cada montadora é que decidirá”, afirmou Margarete Gandini. “Afinal não é o governo que determina a tecnologia utilizada: é o mercado.”