São Paulo – Menos de dois meses depois das férias coletivas de duas semanas concedidas do fim de março ao início de abril, a fábrica da General Motors em São José dos Campos, SP, onde são produzidas a S10, a Trailblazer, motores e transmissões, e empregados em torno de 4 mil profissionais, suspenderá parte da produção.
Frente à diminuição da demanda a linha da picape S10 e áreas afins parará por dez dias, o que afetará 2,7 mil operários – 75% do chão de fábrica, composto por 3,6 mil metalúrgicos –, por meio da ferramenta day off, folga com compensação posterior, este mês. No período em torno de 3 mil veículos deixarão de ser fabricados, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
A empresa confirmou a medida: “A fábrica da General Motors em São José dos Campos concederá days off aos seus empregados de 12 a 23 de junho para adequação dos volumes de produção”.
Diante do novo anúncio de parada o sindicato realizou duas assembleias na quinta-feira, 1º, com o objetivo de informar aos metalúrgicos e acender sinal de alerta para eventuais demissões ou qualquer outra medida que coloque empregos ou seus direitos em risco.
Por ora não haverá paralisação dos trabalhadores. O sindicato quer mantê-los mobilizados, mas ainda não é considerada a possibilidade de deflagrar greve. À época da suspensão da produção anterior, no fim de março, os operários entraram em estado de greve contra cerca de trinta cortes que a General Motors realizou justamente sob a justificativa de readequar a produção: a matriz divulgara reestruturação global que buscava cortes de US$ 2 bilhões em dois anos. Após o ato, porém, não houve mais dispensas.
De acordo com o secretário geral do sindicato, Renato Almeida, foi acordado com a direção da GM que, durante o período de parada em junho, as partes estarão observando se haverá a necessidade de lançar mão de outras medidas visando à manutenção dos empregos:
“Dissemos que não há problema em adotar ferramentas de flexibilização da produção, mas que é preciso preservar os postos de trabalho. A montadora não descarta lay off ou qualquer outra medida para reduzir o volume fabricado por mais tempo. Aguardaremos como estará o mercado em junho”.
Renato Almeida, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
O maior desafio das empresas fabricantes de veículos é o cenário econômico, que ainda não apresentou melhora, diante da manutenção das taxas de juros, nas alturas, e da restrição ao crédito, bastante rigorosa frente à inadimplência que continua no patamar de 5,5%.
Montadoras, consumidores, entidades e sindicatos seguem à espera da sequência do anúncio do governo de criar incentivos ao setor prometido para o Dia da Indústria, que, no entanto, foi postergado por quinze dias. Eventuais medidas serão divulgadas somente após passarem pelo crivo do Ministério da Fazenda em um prazo que expira em 8 de junho.