São Paulo – A General Motors apresentou proposta de PDV, Programa de Demissão Voluntária, aos trabalhadores de suas três fábricas instaladas no Estado de São Paulo: Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul e São José dos Campos. Nas três unidades o programa foi recusado, informaram os sindicatos dos metalúrgicos. A companhia confirmou em nota enviada à reportagem.
Em documento enviado aos trabalhadores para apresentar o PDV, ao qual a Agência AutoData teve acesso, a GM afirma que “o cenário de vendas de veículos no Brasil está obrigando a indústria automotiva a fazer ajustes em suas capacidades produtivas. Agora, os ajustes não são mais por falta de peças: é necessário adaptar as fábricas ao tamanho do mercado”.
A companhia, no documento, culpa os juros altos pela retração da demanda e afirma que não há previsão de melhora, inclusive, para 2024. Disse ter aplicado medidas como layoff, férias coletivas e days-off, insuficientes para adequar a produção ao atual tamanho do mercado.
“Além deste panorama interno outros países da América do Sul também passam por incertezas econômicas e políticas, o que causa impacto direto sobre as exportações. As projeções mostram que essa condição não deve mudar neste ano e nem em 2024. Sendo assim será necessário iniciarmos um plano de reestruturação.”
Em São Caetano do Sul, onde a GM produz Montana, Spin e Tracker, o sindicato diz aguardar novo posicionamento da empresa. Alguns trabalhadores, porém, foram desligados, de acordo com o presidente Aparecido Inácio da Silva, o Cidão: “Até o momento apenas funcionários que já estavam aposentados”.
Os trabalhadores de São José dos Campos, de onde sai a Trailblazer e a S10, consideraram insuficiente o pacote oferecido pela GM. Segundo o secretário geral do sindicato, Renato Almeida, foi um dos mais baixos oferecidos no País: “Todos os funcionários recusaram, não houve nenhum voto favorável”.
Na unidade, porém, existe estabilidade até maio de 2024 por causa de layoff adotado. Também há estabilidade em Mogi das Cruzes, onde o layoff de cinco meses está em vigor com possibilidade de prorrogação por mais cinco meses. Lá a proposta também não agradou, segundo o vice-presidente David Martins de Carvalho:
“O PDV é péssimo se comparado com outros que já discutimos e também na comparação com os programas de outras montadoras”.
Vale lembrar que em 2019, primeiro ano do mandato de João Dória como governador do Estado de São Paulo, a GM conseguiu benefícios fiscais que, segundo disse a companhia à época, foram fundamentais para garantir um investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas paulistas. Chamado de IncentivAuto, o programa foi criado para atender especialmente à GM, que meses antes acionara o governo para informar decisão da matriz de fechar suas fábricas paulistas.