São Paulo – Após dezesseis dias parados os 12 mil trabalhadores das três fábricas paulistas da General Motors, em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes, voltaram às linhas. Vencida uma segunda reunião que se estendeu por mais de doze horas, e que adentrou a madrugada da quarta-feira, 8, foi assinado acordo da montadora com os sindicatos dos metalúrgicos e a greve chegou ao fim.
Todos os 1,2 mil demitidos foram reintegrados, sendo 839 profissionais em São José, trezentos em São Caetano e 105 em Mogi das Cruzes. O cancelamento das demissões havia sido determinado, por meio de liminar, pelos tribunais regionais do trabalho da 2ª região e da 15ª região e pelo TST, Tribunal Superior do Trabalho.
Durante a negociação os representantes dos trabalhadores conseguiram obter o pagamento dos dias parados em outubro e em novembro, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Durante as conversas, no entanto, a empresa externou a preocupação com a queda nas vendas e a necessidade de readequar pessoal, que persiste, e foi acordado que até 30 de novembro ficaria em aberto agenda para nova negociação de PDV, contou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes, David Martins de Carvalho.
“Ganhamos a estabilidade do emprego no tribunal. A reintegração foi, inclusive, determinada por causa dessa estabilidade. Podemos discutir outras alternativas para solucionar o impasse se, mais à frente, a empresa precisar reduzir quadro, mas temos a estabilidade até maio de 2024.”
Antes de decidir pelos cortes a GM havia tentado abrir um PDV mas a proposta não havia passado por negociação prévia com os sindicatos dos trabalhadores e não avançou.
Quanto à tentativa de Cidão de estender a estabilidade à planta do ABC, que não foi submetida ao layoff em junho, como ocorreu em São José e em Mogi, a empresa não concordou: “Esta é uma questão que será apreciada na Justiça, mesmo caso das outras duas plantas. A empresa entende que não tem mas, os sindicatos entendem que têm, sim, a estabilidade”.
Outro ponto que restou para alinhar durante essa segunda etapa de negociação, até o fim do mês, segundo Carvalho, é a devolução dos valores referentes ao pagamento das verbas rescisórias, que a GM havia depositado antes de a Justiça determinar que os funcionários fossem reintegrados.
“Muitos trabalhadores estavam com a conta negativa e devendo no cartão de crédito e, assim que o valor foi creditado, o banco descontou. Então agora teremos de fazer uma composição de parcelamento para que os profissionais possam devolver esse dinheiro que a montadora adiantou indevidamente. Ninguém vai se negar a devolvê-lo, mas a empresa terá de ser maleável.”
De acordo com Valmir Mariano, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, foi aprovado, durante a madrugada, aviso permanente de greve, ou seja: caso a GM não cumpra o acordo a paralisação será retomada.
“A conquista do pagamento dos dias parados, que foi o grande entrave ao avanço das negociações durante os dois dias de reuniões, além do cancelamento das demissões, foram fruto de uma grande luta, que uniu os trabalhadores das três fábricas e mostrou nossa força. Mas não vamos baixar a guarda, e em qualquer movimento da empresa no sentido de colocar em risco empregos e direitos a greve será retomada.”