Desenvolvimento do novo motor, que faz parte de um projeto do Rota 2030, está previsto para ser finalizado em 2025. Mas demandas comerciais podem antecipar o projeto.
São Paulo – Desde o começo do ano a FPT Industrial, em parceria com a Mahle Metal Leve e três universidades, avança com o projeto de desenvolvimento do motor F1C. Ele poder ser movido a gás natural, a biometano e a etanol, a grande aposta que a companhia faz para a descarbonização no médio prazo. Segundo seu diretor de engenharia para a América Latina, Alexandre Xavier, o motor, que integra um projeto do Rota 2030, está em fase de simulações e calibrações na empresa e nas universidades parceiras.
A expectativa é que até o fim de 2025 esteja pronto, mas há há discussões sobre possíveis futuras aplicações: “Pode ser usado em máquinas e veículos comerciais, mas vemos duas aplicações muito prováveis: a primeira seria a troca do motor movido a diesel pelo F1C que pode rodar com gás natural, biometano e etanol. Seria possível porque o etanol já está presente no Brasil todo e o gás tende a avançar”.
A segunda aplicação seria usar o novo motor de forma estacionária em ônibus urbanos de 12 metros, fornecendo a energia necessária para carregar as baterias por meio do gás ou do etanol, e um eixo eletrificado faria a tração do veículo. Uma espécie de veículo comercial híbrido.
Com estes dois cenários bem claros a FPT pretende começar, em breve, a trabalhar este motor comercialmente: “Nada impede que em paralelo a gente acelere o trabalho por demandas do mercado, como também pode ser que o projeto final seja apresentado só em 2025”.
O motor F1C a gás natural, biometano e etanol será parecido com um flex, mas não tem o mesmo conceito. Cada combustível terá o seu tanque, até porque gás não é líquido. A FPT ainda não encontrou a solução final e trabalha com duas opções: selecionar com qual combustível o veículo rodará a partir de um controle no painel, por exemplo, ou pré-definir com o cliente qual combustível será o principal e, desta forma, reduzir o tanque de combustível do outro, deixando o veículo programado para rodar com o combustível número um – caso acabe, com o tanque do combustível dois cheio, a fonte seria alterada de forma automática.
Com relação à emissão de gases poluentes, em que o NOx é o principal desafio, o grande avanço na comparação com um motor similar a diesel é a possibilidade de usar um sistema de emissão mais simples mas com o mesmo efeito. Já com relação aos gases de efeito estufa, onde se enquadra o CO2, a vantagem seria muito grande, por trocar um combustível fóssil por duas opções verdes. O número final de redução ainda está em estudo pela FPT.
Esta é uma das grandes apostas da FPT para o futuro a curto e médio prazo, mas sem deixar de olhar para outras soluções. Xavier disse acreditar em um futuro eclético e com diversos combustíveis verdes em operação: “Olharemos para a eletrificação também, assim como seguiremos aprimorando os motores diesel, nos quais o HVO pode ser uma opção para um futuro mais sustentável. Ofereceremos uma série de soluções aos nossos clientes”.