São Paulo – O PDV, Programa de Demissão Voluntária, negociado pela General Motors com os sindicatos dos metalúrgicos após a greve de dezesseis dias gerada pela demissão, por telegrama, de 1 mil 244 trabalhadores das três unidades paulistas da companhia – que acabou sendo revertida na justiça – quase alcançou a meta estabelecida: aderiram 1 mil 216 pessoas, segundo informações das entidades que representam os trabalhadores.
Com condições mais atrativas do que o que havia sido ofertado como indenização – assim como em relação à proposta anterior aos cortes, que fora rejeitada em setembro –, a empresa estabeleceu o pagamento adicional de seis meses de salário, R$ 15 mil e plano médico por mais três meses ou R$ 6 mil para quem tivesse de um a seis anos de casa e aceitasse o PDV. Aqueles acima de sete anos de empresa receberiam cinco meses de salário, um carro Onix Hatch LS sem escolha de cor ou R$ 85 mil e mais seus meses de convênio ou R$ 12 mil.
Dos1 mil 216 profissionais que aderiram à proposta 700 foram da unidade de São José dos Campos, única que ficou abaixo do volume de dispensas, com 139 a menos, 370 em São Caetano do Sul, 70 a mais, e 146 em Mogi das Cruzes, 41 a mais. No total a diferença para o que a montadora pretendia dispensar foi de 28 profissionais.
Sobre as razões que teria levado a um número maior que os dos cortes anunciados o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes, David Martins de Carvalho, disse que houve uma quebra de confiança na relação do empregador com os funcionários.
“Do modo como tudo foi feito, a demissão por telegrama, em pleno fim de semana, sem conversar com os trabalhadores, depois a reintegração dos empregos com o PDV condicionado, deixou as pessoas indignadas e receosas. Então outros trabalhadores que não tinham sido dispensados preferiram aderir ao pacote e buscar emprego em outro lugar do que continuar na GM, pois se perdeu o elo de confiança com a empresa.”
Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, avaliou que a quantidade foi superior porque, durante a negociação, pessoas acidentadas, com estabilidade, optaram por acessar o PDV.
Ao todo seguem usando o crachá da General Motors 7,2 mil profissionais em São Caetano do Sul, 3,3 mil em São José dos Campos e 354 em Mogi das Cruzes, um total de 10 mil 854 trabalhadores. Até junho haverá a compensação de 50% dos dias parados durante a greve e a adesão de cada funcionário na ativa significou o retorno de outro em licença-remunerada.
Renato Almeida, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, avaliou que a “luta nas três fábricas da GM foi um fato inédito e muito positivo”. A abertura do PDV só foi possível, segundo ele, após todo o processo de paralisação concomitante com atividades e negociações que uniram forças:
“Temos estabilidade até maio, o que nos dará tranquilidade provisória nesses meses. Estaremos atentos a qualquer mudança que possa ocorrer, sempre buscando preservar empregos”.
Procurada para comentar o número de adesões ao programa de demissão voluntária a GM não respondeu até o fechamento da reportagem. Durante participação no Congresso AutoData Perspectivas 2024, em novembro, Fábio Rua, vice-presidente de comunicação e relações governamentais da General Motors do Brasil, garantiu que a empresa não sairá do Brasil e que em breve anunciará novo ciclo de investimentos, o que poderá incluir a produção de híbridos, além de elétricos.