Embora ciclo atual de investimento se estenda até 2025 novos aportes já são conversados com a matriz
São Paulo – Após amargar queda de 9% em seu faturamento em 2023, perfazendo R$ 19,7 bilhões, a Volvo sente-se pronta para virar a página e espera crescer este ano igual ou acima do que projeta para o mercado de modelos superiores a 16 toneladas, que comprou 81,6 mil unidades no ano passado: incremento de 10% a 15%.
Foi o que afirmou o presidente do Grupo Volvo na América Latina, Wilson Lirmann, durante entrevista coletiva à imprensa para a divulgação dos resultados do ano passado e de projeções para 2024. Globalmente a companhia obteve ano recorde ao registrar receita de 552,8 bilhões de coroas suecas, na conversão R$ 265,6 bilhões, o que representou alta de 17%.
Sobre a participação brasileira no desempenho consolidado, embora o faturamento tenha respondido por 7,4% do total, e as vendas tenham recuado, Lirmann assegurou que “o Brasil foi o principal mercado da Volvo Caminhões em 2023”.
E embora também não seja o detentor do maior volume de unidades – título pertencente aos Estados Unidos – foi o que teve a contribuição mais importante no ano passado. Foram comercializados no País 19 mil 647 caminhões, o que conferiu market share de 23,9% à Volvo e a liderança no segmento acima de 16 toneladas. Ao todo na América Latina foram emplacados 23 mil 652 caminhões da marca.
Para efeito de comparação, em 2022 foram vendidas 24 mil 93 unidades apenas no Brasil, com fatia de 24,6% do mercado, e 28 mil 540 na região.
Em ambos os anos o maior market share da Volvo esteve no Peru, com 26,3% no ano passado, referente a 2 mil caminhões, e 25,7% com 1,9 mil unidades, em 2022.
“Estamos trabalhando para ampliar a participação de mercado em todos os países da América Latina. Nosso desafio é ocupar mais espaço, independentemente do quanto conseguiremos crescer aqui e fora.”
Dedicada a atender todos os países na região abaixo do México a fábrica de Curitiba, PR, exportou no ano passado 16% do volume produzido e 84% foi consumido no Brasil. Em outros anos, como durante a recessão em 2016, chegou a embarcar 45%, deixando 55% no País.
Na categoria acima de 16 toneladas a Volvo manteve a liderança apesar de ter diminuído participação de mercado. Foto: Soraia Abreu Pedrozo
Em 2023 foram enviados 8 mil 595 blocos de motor para a matriz, na Suécia, 2 mil 953 cabines para a Bélgica e 2 mil 781 caixas i-shift para Estados Unidos, Austrália e África do Sul.
Para este ano Lirmann não arriscou um porcentual da produção que deverá ser exportado: “Dependerá de série de fatores, principalmente da economia”, disse. Se por um lado a queda nos juros anima, assim como a redução do desemprego, o aumento da renda e do consumo e a continuidade da valorização das commodities, o volume da safra, o equilíbrio fiscal, a elevação dos custos e as incertezas econômicas geradas pelo cenário internacional e as tensões geopolíticas são pontos de alerta.
Ele concorda com uma expectativa de crescimento das vendas acima de 15% em 2024. Mas leva em conta que a inadimplência vem diminuindo e, conforme dados da Volvo Financial Services, o início do processo de redução de juros já provocou uma inversão no perfil do financiamento. Se no início do ano 40% eram gerados pelo Finame e 60% pelo CDC, no fim 55% correspondiam ao Finame e 45% ao CDC, contou o presidente da entidade, Carlos Ribeiro.
De acordo com Ribeiro o ano passado foi o melhor para a instituição no Brasil, com R$ 6,8 bilhões financiados e 43% de market share.
Quanto a investimentos o presidente do Grupo Volvo na América Latina assinalou que, embora o ciclo de R$ 1,5 bilhão iniciado em 2023 esteja em curso e seja concluído em 2025, o que inclui o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços e seja o maior da história, já há discussões com a matriz para aporte sucessor, e a tendência é a de que o volume seja superior.