Obras civis começam nos próximos dias e área da Ford, ainda ocupada, não será usada na produção dos veículos da chinesa
Camaçari, BA – Agora é oficial: a BYD e o governo do Estado da Bahia assinaram na terça-feira, 5, o contrato de transferência do terreno da antiga Ford em Camaçari, BA, e as obras civis da futura fábrica da companhia chinesa poderão começar. O acordo existia desde o ano passado mas, na semana passada, a Lecar manifestou interesse no complexo. No entanto o governo manteve a palavra com a BYD, que pagou R$ 287,8 milhões pela compra do terreno de 4,6 milhões de m².
O investimento de R$ 3 bilhões da BYD inclui a construção de prédios do zero em área de 1 milhão de m² ainda não ocupada. As edificações da Ford não serão aproveitadas para a produção dos modelos Dolphin, Dolphin Mini, Song Plus e Yuan Plus, com capacidade inicial de 150 mil unidades. Segundo o conselheiro Alexandre Baldy os prédios existentes serão usados por fornecedores:
“Nosso plano é atrair fornecedores nacionais e internacionais para termos ao menos 70% de conteúdo local em até cinco anos”, afirmou em cerimônia com a presença do governador baiano, Jerônimo Rodrigues, e do presidente da BYD Brasil, Tyler Li. “Até o fim do ano pretendemos produzir o primeiro veículo em Camaçari”.
A decisão de construir do zero ocorreu pelo fato de a Ford ter prazo até outubro para retirar equipamentos da área e a BYD tem pressa. Segundo o chairman ainda existem máquinas e equipamentos da montadora dentro dos prédios.
O cronograma é apertado, mas Baldy garantiu já ter em mãos licenças ambientais provisórias e espera, nas próximas semanas, conseguir as definitivas. O governador Rodrigues prometeu empenho da administração pública e confiança na empresa: “Fui a Shenzen, na China, onde uma fábrica produziu seu primeiro veículo nove meses após a pedra fundamental’.
A primeira etapa da fábrica prevê a produção dos veículos em regime SKD, de acordo com Baldy, e gradativamente etapas serão localizadas. Empresa e governo assinaram contrato prevendo o avanço destas etapas, segundo Rodrigues, o que credenciou a BYD a receber alguns incentivos estaduais.
“Tudo está sendo feito de forma transparente. O contrato de transferência, assinado hoje, foi publicado no Diário Oficial da União. Vamos prestar contas à população a cada etapa.”
Existem ainda alguns nós a serem desatados como, por exemplo, o uso do porto para importação de peças e exportação de veículos. Em Aratu existe um terminal privado da Ford, e a intenção era repassá-lo à BYD, mas alternativas estão sendo estudadas.
Negociação com fornecedores
Baldy disse que a ideia é alcançar 70% de produção local dentro do complexo, com fornecedores próximos: “Já estamos em conversas há algum tempo. Queremos ter o maior número possível de parceiros próximos à fábrica, gerando 10 mil empregos”.
Em uma próxima etapa, que demandaria mais investimentos, a ideia é processar lítio e fosfato na unidade, para usar como matéria-prima das baterias que hoje são montadas em Manaus, AM.