MBCB reúne entidades e empresas da cadeia de produção de veículos e biocombustíveis para promover a descarbonização sem eleger tecnologias
Brasília, DF – Foi lançado na terça-feira, 19, o Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, ou na sigla resumida MBCB, uma coalizão de entidades e empresas ligadas à cadeia de produção de veículos e biocombustíveis. O MBCB já vinha se organizando há alguns anos mas só recentemente uma organização representativa com o objetivo de promover esforços e propostas para impulsionar uma transição viável para a descarbonização dos transportes.
A ideia, dizem os representantes do MBCB, é abraçar todas as rotas tecnológicas disponíveis e em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, utilizar o momento e suas necessidades para estimular a neoindustrialização do País baseada na mobilidade de baixo carbono.
A organização foi lançada oficialmente no seminário Descarbonização – Os Caminhos para a Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil, organizado pelo Grupo Esfera e pelo MBCB em Brasília, DF, e foi prestigiado pela principais autoridades do Executivo ligadas ao desenvolvimento econômico do País.
Estavam presentes os ministros Geraldo Alckmin, do MDIC e também vice-presidente da República, Fernando Haddad, da Fazenda, Renan Calheiros Filho, dos Transportes, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e até o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, responsável por coordenar no momento a tramitação de diversos projetos de lei de interesse da indústria automotiva, inclusive o PL do Mover, que cria o programa Mobilidade Verde e Inovação, encaminhado ao Congresso na quarta-feira, 20.
“O MBCB tem o grande mérito em reunir diversos atores da cadeia da mobilidade em prol da descarbonização dos transportes com um foco muito claro em promover todas as tecnologias disponíveis”, afirma Priscilla Cortezze, diretora de marketing e comunicação da organização. “Queremos impulsionar o Brasil como líder global na mobilidade de baixo carbono com a combinação de sua vasta experiência em biocombustíveis com as novas tecnologias.”
Oportunidade no discurso
Para o atual governo instalado no Palácio do Planalto claramente pró-industrialização do País – ou reindustrialização – os objetivos do MBCB foram vestidos sob medida nos discursos e declarações das autoridades, a começar pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante: “Estamos vivendo uma janela de oportunidade sem precedentes para o Brasil Queremos continuar sendo líder global em energia limpa e para isso precisamos colocar o biocombustível e a bioeconomia como carro-chefe do País que vai liderar este processo”.
Para Mercadante a retomada da taxação de carros elétricos importados destravou investimentos da ordem de R$ 100 bilhões dos fabricantes de veículos e estimula os modelos híbridos flex, mais eficientes em redução de emissões de CO2, como mostrou o estudo Trajetórias Tecnológicas Mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade, elaborado pela LCA Consultores e MTempo Capital, a pedido do MBCB, e apresentado pela primeira vez durante o evento em Brasília.
O presidente do BNDES garantiu que não faltarão recursos para bancar o desenvolvimento industrial do País, com linhas de crédito para programas de pesquisa e desenvolvimento e o NIB, Nova Indústria Brasil, que prevê a concessão de R$ 300 bilhões para projetos industriais, dos quais R$ 90 bilhões já estão em processo de liberação. “A indústria automotiva é a indústria das indústrias, tem uma cadeia longa, e irá aproveitar os recursos que colocamos à disposição”.
Para o ministro Fernando Haddad o País deve aproveitar o bom momento para se sobressair no cenário global: “Penso que aqui estamos apresentando uma visão de futuro em proveito de tecnologias alternativas cujo tempo chegou, este é o tempo delas. Está mais do que na hora de o Brasil aproveitar a agenda de descarbonização como oportunidade para acelerar nossa reindustrialização”.
Na mesma linha Geraldo Alckmin observou que as medidas tomadas pelo governo vão de encontro a recuperar a competitividade internacional da indústria nacional: “O Brasil perdeu produtividade, ficou caro antes de ficar rico, por isto começou a se desindustrializar. Com programas como o NIB e o Mover [Mobilidade Verde e Inovação] queremos retomar o desenvolvimento inclusivo e com sustentabilidade”.
No cenário global, destacou o vice-presidente, “o Brasil sai à frente do maior desafio da humanidade” que é a descarbonização para conter o aquecimento do planeta e as mudanças climáticas que trazem consigo eventos naturais extremos.
Participantes do MBCB
Ao todo o MBCB já conta mais de 25 instituições e empresas, incluindo três das quatro maiores fabricantes de veículos leves: Stellantis, Toyota e Volkswagen, e até recém-chegada BYD, 100% focada em carros elétricos e híbridos plug-in. A Scania é, por enquanto, única representante dentre as fábricas de caminhões e ônibus, e a John Deere a única fabricante de máquinas agrícolas e de construção.
Também participam da organização alguns dos principais fornecedores de componentes e motores, como Bosch, Bruning Tecnometal, Mahle, Cummins, MWM Motores e Geradores e Tupy.
Também estão representados no MBCB associações de tecnologia e engenharia, do setor sucroenergético e de biogás, de pós-venda e de sindicatos de trabalhadores: ABiogás – Associação Brasileira do Biogás, Abipeças, AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Alcopar, Bioind, Biosul, Conarem – Conselho Nacional de Retificas de Motores, Copersucar, IndustriALL Brasil, SAE Brasil, Siamig, Sifaeg, Sindaçúcar-PE, Sindaçúcar-AL, Sindaçúcar, Sindalcool e Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia.