São Paulo – O primeiro veículo híbrido flex da Stellantis produzido no Brasil chegará ao mercado em novembro, informou o vice-presidente de assuntos regulatórios na América Latina, João Irineu de Medeiros, durante o Seminário Brasil Elétrico 2024, realizado por AutoData. O modelo escolhido para ser o pioneiro na tecnologia permaneceu em segredo, embora na semana passada a companhia divulgou que será um Fiat produzido em Betim, MG, e não mais em Goiana, PE, como havia sido anunciado no ano passado.
“Não posso falar mais nada sobre o lançamento. A única informação divulgada, por ora, é a marca, que é a Fiat”, afirmou, após dizer que será possível comprar o veículo híbrido em novembro. O lançamento ocorrerá nos próximos dias.
Ainda não se sabe qual, mas o modelo será dotado de uma das três plataformas híbridas da montadora: Bio-Hybrid, que é sistema elétrico híbrido-flex com bateria de íon-lítio que a carrega e gera torque adicional, Bio-Hybrid e-DCT, com sistema que contará com dois motores elétricos de tensões 12v e 48v que fornecem energia para impulsionar o veículo em modo totalmente elétrico ou em conjunto com o motor térmico, ou Bio-Hybrid plug-in, que combina dois motores elétricos com um térmico para condução 100% elétrica, 100% térmica ou híbrida.
Estas três opções, mais a 100% elétrica, integram investimento de R$ 32 bilhões que a Stellantis injetará no País até 2030. “Talvez o Brasil seja o único País que consiga explorar de forma eficiente um carro abastecido com etanol que rode com tração 100% elétrica sem fazer grandes investimentos nem grandes rupturas em sua cadeia”.
Em sua apresentação Medeiros lembrou que um veículo a combustão pode emitir até 62 toneladas de CO2 durante o ciclo de vida enquanto que, se ele rodar somente com etanol, 26 toneladas, e se for elétrico 23 toneladas. Há, portanto, empate técnico: “O veículo a etanol é tão baixo carbono quanto um a bateria”, disse, ao lembrar que a infraestrutura de recarga, o custo da bateria e o preço de revenda do carro, a depender do estado da bateria, que responde por boa parte do custo do carro, ainda são percalços a serem sanados.
“Por isto desenvolvemos o Bio-Hybrid, uma vez que a associação da bateria com o etanol traz uma melhoria de consumo de dois dígitos no ciclo urbano, no caso do híbrido leve, o que vai aumentando à medida que o trânsito fica mais pesado, em comparação a um carro a bateria.”
Somente eletrificar os produtos, no entanto, não será suficiente, ele disse. É necessário baixar a intensidade do carbono no processo de mineração, fabricação da matéria-prima e dos componentes, além dos escapes dos carros: “Precisamos atacar as duas frentes, tanto a dos produtos como a do processo de fabricação dos carros do berço ao túmulo”.
Para tanto contou que foram avaliados os cerca de 5 mil componentes do veículo, matéria-prima por matéria prima, tecnologia por tecnologia e analisadas a influência das emissões de CO2 para cada uma delas:
“Sabemos que o aço e o ferro representam 60% do carro, o termoplástico e elastômetro 18% e o alumínio 11% e que estes três respondem por 90% das emissões de CO2 na fabricação das peças, sendo aço e ferro fundido os responsáveis por 51% do total, o termoplástico e elastômetro por 13% e, o alumínio, 27%”.
Por isso a Stellantis possui a proposta de que carros fabricados a partir de 2020 saiam da linha com materiais verdes, com menor emissão. Além disso reforça a necessidade de se estabelecer de vez uma economia circular e que o aço e o alumínio que estão enferrujando em pátios retornem ao processo produtivo para reduzir o uso de carvão mineral: “O Mover traz as diretrizes para que seja desenvolvido marco regulatório importante para isto”.
Ele reconheceu ainda que, para cumprir o plano da Stellantis de reduzir em 50% as emissões de CO2 até 2030 e zerá-las até 2038 será preciso fazer uso de tecnologias complementares para capturar carbono, por meio de reflorestamento e biocarvão, por exemplo, uma vez que 9% do que a indústria gera não é possível mitigar, até o momento e com as opções disponíveis.