São Paulo – A GWM deu a largada para que empresas fabricantes de autopeças interessadas em tornarem-se fornecedoras de sua operação em Iracemápolis, SP, possam manifestar-se. Na quinta-feira, 5, durante webinar realizado pelo Sindipeças, foi estabelecido canal para que um primeiro contato seja feito com as partes, por e-mail, que seguirá na forma de troca de informações e posterior agendamento com os responsáveis.
O plano busca dar sequência ao seu projeto de nacionalização – que pretende índice de 60% para peças e componentes até o fim de 2026 – e também de consolidar a unidade brasileira como polo de exportação para a América do Sul. A GWM já está trabalhando em parceria com Bosch e WEG para desenvolver o sistema híbrido plug-in flex, e está em processo avançado com fornecedores de fluidos, pneus, rodas, bancos e conectores elétricos, cujos nomes não são divulgados, por ora, por estarem em fase de assinaturas de contrato.
Conforme cronograma do programa de localização em janeiro terá início fase dos contratos de confidencialidade. De fevereiro a abril será realizado workshop de doze semanas no Senai Ipiranga, na Capital, para que seja identificada a real capacidade de fornecimento e de tecnologia das empresas, e a GWM desmontará veículos para que os candidatos possam conhecer melhor o produto e formalizar seu interesse.
A etapa posterior é a de capabilidade técnica, em que as empresas de autopeças acessarão o Portal DIP, Plataforma de Interação de Dados, em português, para que obtenham informações técnicas de forma segura. Será sucedida por revisões técnicas em reuniões com engenharias do Brasil e da China e, segundo o diretor de P&D e inovação da GWM, Márcio Alfonso, não será preciso reproduzir tudo exatamente conforme o desenho original da montadora:
“Temos abertura. Podemos fazer algo que seja intercambiável, que entregue a mesma função e tenha igual desempenho com características um pouco diferentes. Em determinados casos, haverá a possibilidade de desenvolvermos um projeto local”.
O último passo é o comercial, que envolve cotação e discussão de acordos logísticos, por exemplo, dados técnicos das embalagens e da qualidade dos produtos, relatou o gerente de P&D da GWM, José Carlos Capareli: “Prevemos pelo menos três rodadas de negociação e então teremos a nomeação dos fornecedores e o início do desenvolvimento, de julho a setembro”.
De acordo com Alfonso trata-se de um processo contínuo de nacionalização:
“O foco é produzir cada vez mais, então o plano não é ter parceria de um ou dois anos, mas de dez, quinze anos, para que possamos nos tornar cada vez mais competitivos. Em busca da localização crescente, que chegue na casa dos 60% pelo menos, para nos tornarmos polo de exportação para a América do Sul, talvez tenhamos de fazer projetos mais enxutos e mais simples. Não precisa ser 100% automatizado como na China, até porque nem nossa fábrica aqui será assim. Mas é preciso haver a digitalização dos processos”.
Ainda segundo o diretor de P&D e Inovação o plano é que em 2026 já sejam inseridas peças brasileiras – até lá haverá processo de montagem CKD. E a GWM não descarta ter fornecedores estabelecidos em seu entorno: como o terreno em Iracemápolis é extenso, dependendo do serviço e do volume existe espaço para instalar unidade dessas empresas.
A rampa de produção da GWM no Brasil inclui o planejamento de, nos primeiros seis meses do ano que vem, inaugurar a fábrica e iniciar os testes. No segundo semestre a ideia é ingressar com volume de produção comercial e fabricar 10 mil unidades do Haval H6, possivelmente no último trimestre, quando também terá início o segundo turno. Para 2026, quando deverão ser introduzidos outros dois modelos na linha, a meta é fabricar 40 mil carros.