Para o Sindipeças, associação que representa os fabricantes de autopeças no País, 2018 tem tudo para ser positivo. A entidade projeta alta de 6% no faturamento em reais, para R$ 79,6 bilhões, e de 3,8% em dólares, para US$ 24,6 bilhões. Em outros indicadores também se espera elevação, como de 34,8% no investimento em reais e de 32,2% em dólares, além de 5% a mais na geração de emprego do segmento. Os números foram apresentados por Flávio Del Soldato, conselheiro do Sindipeças, durante palestra que abriu o segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2018, no Hotel Transamérica, em São Paulo, na terça-feira, 10.
Para ele as montadoras estão “desengavetando projetos”. Um ótimo exemplo disso, considerou, foi o anúncio de investimento de R$ 2,4 bilhões da Mercedes-Benz, ocorrido na segunda-feira, 9.
Outro fator positivo revelado pelo Sindipeças no evento foi o índice de utilização da capacidade instalada nas empresas de autopeças, que em agosto chegou a 67%, melhor registro deste ano. Como comparação em maio do ano passado o índice foi 48%, ou seja, menos da metade da capacidade total.
O Sindipeças estima que a produção nacional de autoveículos retomará volume de 3 milhões de unidades em 2021, após altas crescentes de 6% em 2018 e 4% em 2019, 2020 e 2021. Em 2022 chegaríamos a 3,1 milhões de unidades produzidas aqui. Del Soldato lembrou que será “uma longa jornada, coisa de oito anos, para voltarmos aos índices pré-crise. Mas é boa notícia, de qualquer forma”.
Ele acredita, ainda, que no ano que vem aumentará o déficit da balança comercial de autopeças, de US$ 5,9 bilhões projetados para 2017 para US$ 7,6 bilhões, 28,5% além: “Se o mercado cresce temos que trazer mais peças de fora, especialmente para os lançamentos”.
O dirigente ainda apresentou pesquisa interna em que a grande maioria dos entrevistados, 70%, considera que o Rota 2030 será melhor do que o Inovar-Auto, sob o ponto de vista de cada uma das próprias empresas ouvidas – participaram 63 empresas associadas, pequenas, médias e grandes, que representaram 26% do faturamento do segmento no ano passado.
A pesquisa ainda apontou que 20% consideram que o Rota 2030 não será nem melhor nem pior do que o Inovar-Auto, enquanto nenhum entrevistado afirmou acreditar que será pior. Ainda na pesquisa 34,9% indicaram que o Inovar-Auto foi indiferente – nem positivo nem negativo – para suas operações, enquanto que para 30,1% foi parcialmente positivo e para 20,6% foi parcialmente negativo. Durante sua apresentação Del Soldato considerou que a rastreabilidade, um dos principais fatores de controle para o conteúdo local, teve resultado “pífio”.
Em sua palestra ele afirmou que o atual entendimento do Ministério da Fazenda é o de que a noventena para o Rota 2030 é desnecessária, ainda que não seja essa uma posição oficial, frisou. Com isso o programa, em tese, não estaria atrasado. Del Soldato confirmou que não há previsão de qualquer espécie de controle para conteúdo local de autopeças, um dos pontos questionados pela OMC dentro do Inovar-Auto:
“Essa discussão de conteúdo local ficou para trás. Não dá para falar em competitividade se há uma obrigação legal de comprar peças em um ambiente pouco competitivo. O campeonato agora é outro”.
O conselheiro do Sindipeças finalizou sua apresentação abordando as negociações do Mercosul com a União Europeia. Para ele um acordo está “muito próximo” e deve, sim, ser considerado nos planos futuros das empresas do segmento instaladas no Brasil.
Foto: Maurício de Paiva
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