AutoData - Fornecedores se preparam para o e-Consórcio
Seminário AutoData
26/11/2019

Fornecedores se preparam para o e-Consórcio

Imagem ilustrativa da notícia: Fornecedores se preparam para o e-Consórcio
Foto Jornalista Lucia Camargo Nunes

Lucia Camargo Nunes

São Paulo – Em comum esses fornecedores são parceiros da Volkswagen Caminhões e Ônibus no e-Consórcio, sistema de produção de componentes na montagem de caminhões elétricos em Resende, RJ. Na mesa redonda promovida durante o Seminário AutoData Brasil Elétrico, realizado na segunda-feira, 25, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, SP, Siemens, Moura e WEG entraram no pormenor de seus planos.

 

A conversa reuniu Ricardo Bacellar, diretor automotivo da KPMG, Sérgio Jacobsen, vice-presidente da área de Smart Infrastructure da Siemens, Fernando Pontual Castelão, diretor geral da divisão de Lítio da Moura, e Valter L. Knihs, diretor industrial, sistemas & eMobility da WEG Automação.

 

Jacobsen contou que a Siemens se baseia em tendências para nortear seus investimentos, incluindo a mobilidade elétrica e a geração distribuída.

 

“A primeira tendência é o crescimento da população mundial, que até 2050 será de 10 bilhões. Precisaremos de mais comida, de mais água, de mais energia. A segunda tendência é que a concentração de pessoas nas cidades aumentará, e essas pessoas requererão transporte e ar limpo. Diante disso o sistema elétrico muda drasticamente, passando por uma transição da geração de grande porte para um sistema distribuído, mais especificamente de eólica e solar. A eletromobilidade é a chave para essa transição.”

 

Além do e-Consórcio, a Siemens participa do sistema de carregamento ultrarrápido liderado pela EDP, um investimento de R$ 32,9 milhões em três anos. São 64 pontos de carregamento, trinta deles ultrarrápidos, principalmente em estradas, em consórcio com a Volkswagen, Audi e Porsche.

 

“Esperamos agora seguir para um projeto de mobilidade urbana, no transporte público, que acredito que seja uma segunda grande veia de crescimento”, disse Jacobsen. “Temos sido procurados por prefeituras para entender a estrutura elétrica, e esse será nosso próximo passo.”

 

A disrupção gigantesca no setor automotivo, citada por Knihs, da WEG, são as quatro letras de CASE: conectado, autônomo, share e eletrificação, junto com as mudanças na área de energia, com a consolidação de energias renováveis. Um dos projetos da WEG são eletropostos de carregadores públicos em Brasília, DF, junto com a Renault, que carrega setenta veículos elétricos ao mesmo tempo.

 

Para Knihs a iniciativa do e-Consórcio foi um arco fundamental que une veículos e fornecedores: “A indústria tem muito a ganhar, torna-se competitiva e dará espaço aos caminhões, sim, pois é possível eletrificar a carreta. A iniciativa acelera a linha de produção da WEG, posiciona a empresa diante do mercado mundial e players já nos convidam para novos projetos”.

 

Castelão, da Moura, lembrou que o lítio, com boa reserva na América do Sul, começa a ser explorado no Brasil, e que ele vê oportunidade para a produção de células de lítio nessa região: “Em um curto espaço de tempo não é possível ter escala para a produção local. Com a evolução da eletrificação no Brasil, pode se tornar uma realidade”.

 

Sobre a bateria de lítio ele indicou ônibus e caminhões elétricos, além de veículos híbridos e e-bikes, como candidatos a aplicação. O custo da bateria já está inferior a US$ 200 por Kwh: “Há dez anos custava US$ 1,2 mil por Kwh. Estima-se que em 2025 ela pode chegar a menos de US$ 100 por Kwh. A tendência é que o carro elétrico venha a ter competitividade muito maior do que o carro a combustão, o payback será mais rápido e a eletrificação veicular deve se expandir bastante”.

 

Para ele até 2040 metade dos veículos será eletrificada, boa parte elétrica, enquanto o híbrido representa só uma transição para o elétrico: “Com a queda do valor da bateria fará muito mais sentido fazer veículo elétrico do que híbrido”.

 

* Correção: Ao contrário do publicado originalmente, Fernando Castelão, da Moura, não acredita em escala de produção na América do Sul no curto prazo. O texto foi corrigido.

 

Foto: Rafael Cusato.