AutoData - Volkswagen Caminhões investe em Resende para produzir o e-Delivery
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04/12/2019

Volkswagen Caminhões investe em Resende para produzir o e-Delivery

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo — A Volkswagen Caminhões e Ônibus prepara sua fábrica em Resende, RJ, para a produção do caminhão elétrico e-Delivery em linha onde são produzidos, hoje, modelos a diesel. Para isso anunciou, na quarta-feira, 4, que para realizar as modificações necessárias será investido ali R$ 110,8 milhões.

 

Parte do valor que financiará expansão da área produtiva e a aquisição de novos equipamentos tem como origem o BNDES. A outra parte tem como fonte o R$ 1,5 bilhão referente ao ciclo atual de investimento da companhia, que começou em 2017 e terminará em 2021.

 

De acordo com o seu vice-presidente de vendas, Ricardo Alouche, já estão em curso obras que tratam do espaço em que o chassi do e-Delivery, o mesmo daquele equipado com motor a combustão, receberá o powertrain elétrico e componentes eletrônicos: “É uma área que chamamos de P8, onde a linha se divide em duas. De um lado os modelos a combustão seguem para testes de qualidade e, depois, ao estoque. Do outro, se for o caso de um modelo elétrico, ele seguirá para uma área que estamos construindo, onde será montado o motor elétrico, as baterias e outros componentes”.

 

À época do anúncio do investimento, em 2017, a companhia sinalizava que o aporte seria aplicado em renovação da oferta, modernização da fábrica e expansão internacional.

 

Afora essas áreas, disse Alouche, a VWCO usará os recursos também para o desenvolvimento do motor Euro 6 no País: “Já começamos os trabalhos agora, para que em 2022 já se tenha algo mais maduro para o mercado”.

 

É a partir dessa data que o mercado brasileiro exigirá a produção de motores dessa categoria de emissões. De todo modo, seguiu o executivo, o Euro 6 é objeto de investimento massivo no próximo ciclo de investimentos da companhia, esperado para começar em 2022.

 

Alouche disse ainda que a empresa trabalha com a possibilidade de nacionalizar a cabine dos caminhões MAN, que hoje são importadas. O câmbio desfavorável e oportunidades de negócios no segmento de extrapesados teriam motivado a companhia a produzi-la localmente: “É uma questão de custo e câmbio. Quando as exportações estavam em alta era possível compensar fazendo hedge. Com o cenário reverso ficou caro, por exemplo, importar as cabines”:

 

“Não é algo que se possa otimizar dentro da operação logística, em um contêiner cabem poucas cabines e somente cabines. Por isso estamos estudando a possibilidade de nacionalizá-la ou trazê-la montada no segundo semestre do ano que vem”.

 

Hoje cerca de 90% dos modelos produzidos pela VWCO em Resende são formados por componentes nacionais. Os modelos MAN, por exemplo, têm um taxa menor. O motor tem o seu bloco fundido no Brasil e usinado no Exterior, retornando ao País montado.

 

Foi aventada também a possibilidade de operação em segundo turno em Resende, mas ainda é algo que precisa ser estudado, segundo o executivo. Hoje a empresa opera em jornada em um turno, de segunda a sábado.

 

Por ora, no campo dos elétricos, a empresa promove testes com protótipos. Até o fim de 2019 dezessete protótipos elétricos e-Delivery serão submetidos a testes de validação e avaliação de engenharia do Brasil, com objetivo de obter a homologação e o início da produção previsto para o segundo semestre de 2020.

 

Os testes serão realizados no campo de provas da montadora. Há também testes em curso em operação da Ambev na distribuição de seus produtos na cidade de São Paulo. A empresa de bebidas encomendou 1,6 mil unidades do caminhão e integra o grupo das que formam o e-Consórcio, do qual sairá também o ônibus elétrico e-Flex.

 

O mercado de bebidas, aliás, tem sido bastante explorado pela empresa este ano, que estima que até o fim de dezembro sejam vendidas 1,5 mil unidades de caminhões, elétricos e a combustão na América Latina.

 

Mercado – Segundo Roberto Cortes, presidente da VWCO, o crescimento do setor no ano ante o verificado no ano passado será de 35%. Para o ano que vem “algo em torno de 5% a 10%”.

 

Há a expectativa sobre os negócios na agricultura e, também, na distribuição urbana. Modelos vocacionais, como betoneiras, podem também acrescentar volume às vendas da empresa, que antevê oportunidades no ramo da construção.

 

Este ano, segundo Ricardo Alouche, as vendas cresceram mensalmente, o que proporcionou à VWCO certo cenário de previsibilidade. Por outro lado, ainda que o volume tenha aumentado na comparação com o de 2018, há achatamento dos preços dos veículos praticados no mercado, o que produz reflexos na rentabilidade da operação no País:

 

“Exportamos pouco, o que poderia, em função do câmbio, nos ajudar a ter um pouco mais de receita. De toda forma os preços estão abaixo do que praticávamos em 2011 ou 2013, por exemplo, e não podemos de uma hora para outra aumentá-los porque pode provocar no mercado postergação das compras”.

 

O executivo disse que há três meses o preço médio dos veículos foi aumentado 1% ao mês, e que os clientes estão acompanhando essa evolução de forma positiva. O executivo apontou um acréscimo médio de 12% como patamar que pode ajudar a empresa a melhorar o desempenho operacional no Brasil.

 

Foto: Divulgação.