AutoData - Dólar alto leva General Motors a reajustar preços
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04/05/2020

Dólar alto leva General Motors a reajustar preços

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo — A General Motors aumentou a tabela dos preços dos seu portfólio no País. Segundo o site Auto Segredos o crescimento médio nas concessionárias foi de 4% e abrange modelos nacionais e importados. A razão do aumento, em vigência desde 1º de maio, seria a valorização do dólar. Procurada pela Agência AutoData a empresa confirmou o aumento dos preços sem explicitar pormenores.

 

Curioso é o aumento de preços no momento em que o setor automotivo enfrenta período de vendas baixas.

 

Em abril, como indicaram os números do Renavam divulgados pela Fenabrave, as vendas totais caíram 76% na comparação com abril de 2019, chegando a 55,7 mil unidades. Na comparação com as vendas realizadas em abril do ano passado a própria GM registrou queda de 74% no volume vendido no mês, chegando a 10 mil unidades de automóveis e comerciais leves.

 

O dólar valorizado — cotado a R$ 5,54 na segunda-feira, 4, de acordo com dados do Banco Central — onera operações de importação realizadas pela montadora para trazer ao mercado modelos como os Chevrolet Cruze, Equinox, Camaro e, em pequenos volumes, o elétrico Bolt.

 

No entanto a valorização do câmbio também reflete nos modelos nacionais com forte apelo tecnológico, como é o caso do Chevrolet Onix — muitos dos componentes que formam o sistema de conexão à internet, dentre outros elementos eletrônicos, têm origem estrangeira, sobretudo da China.

 

O aumento da tarifa promovido pela GM deverá ser um movimento seguido pelas demais fabricantes, uma vez que compartilham do mesmo modelo de negócio. Segundo Antonio Jorge Martins, professor da FGV-SP, haverá diferenças apenas no tempo da tomada de decisão: "Dependendo da cultura e do histórico financeiro da companhia o reajuste dos preços será feito agora ou mais tarde. Mas acabarão acontecendo porque todas são influenciadas pelo câmbio da mesma forma".

 

O professor recordou que antes mesmo da pandemia muitas empresas sofriam pressões das casas matrizes por resultados na América do Sul. Foi o caso da GM, que chegou a sinalizar saída do mercado não fossem tornadas viáveis condições tributárias para sua permanência no mercado brasileiro. A Ford, caso mais drástico, decidiu fechar a fábrica do Taboão, em São Bernardo do Campo, SP, e sair do mercado de caminhões na região por prejuízos.

 

"É um fator a ser considerado no aumento do preço afora a valorização cambial. Muitas montadoras estão sendo pressionadas por resultados e,a  partir daí, traçaram planejamentos para buscar o desempenho desejado pelas matrizes", disse Martins. "Elas estão vivendo um momento ímpar de produção e vendas paradas." 

 

Outro fator apontado pelo professor como vetor que levou a companhia a reajustar os preços é a queda nas exportações: "O dólar já vinha variando há alguns meses, e o cenário era revertido por meio do hedge cambial, quando há exportação no mesmo volume da importação, neutralizando os efeitos do dólar alto".

 

De acordo com dados da Anfavea os embarques no primeiro trimestre caíram 15% na comparação com o volume registrado em igual período em 2019, somando 89 mil veículos.

 

Foto: Divulgação.