São Paulo – Projeções otimistas, ou menos pessimistas, a respeito dos indicadores econômicos nacionais foram compartilhadas por Fernando Machado Gonçalves, do Banco Itaú, durante sua apresentação virtual durante o Seminário AutoData Megatendências do Setor Automotivo – a Revisão das Perspectivas 2020, na quinta-feira, 2. A visão da instituição financeira é de queda de 4,5% no PIB, bem abaixo da divulgada pela Anfavea, 7% a 7,5%, e do próprio Banco Central, que no fim do mês passado estimou baixa de 6,4% na atividade econômica em 2020.
Segundo Gonçalves essa queda mais acentuada projetada por outras instituições só deverá acontecer no caso de uma segunda onda do novo coronavírus chegar e forçar que a economia pare novamente: “Hoje a atividade econômica já chegou a 20% abaixo do ritmo antes da chegada da covid-19. Há uma perspectiva de retomada gradual no segundo semestre, um retorno em V, mas não será um V completo: a trajetória anterior do PIB não será retomada, será outra”.
Gonçalves ponderou que a crise atingiu de maneira mais intensa as camadas de menos renda da população, o que tornou justificável e necessária a medida do governo em promover a ajuda dos R$ 600: “Sem isso boa parcela da população estaria literalmente morrendo de fome. Existe a discussão de manter programas assistenciais após a pandemia, o que demandaria aumento de impostos. E esses impostos teriam que ser arcados pela parcela mais abastada da população”.
O que é fato é que o endividamento do governo federal subiu para bancar esse auxílio emergencial, o que ajuda a explicar parte da valorização do dólar. O Itaú projeta câmbio de R$ 5,75 no fim do ano, caindo para R$ 4,50 em 2021, quando a dívida estaria melhor equalizada.
A Selic, segundo a instituição, chegou ao seu piso e ali deverá permanecer até o fim do ano, em 2,25%. A inflação na casa do 1,8%, abaixo do piso da meta do Banco Central, não deverá ser problema para a taxa básica de juros.
Para 2021 a estimativa divulgada por Gonçalves é de Selic em 3,5%, IPCA positivo em 2,8% e PIB crescendo 3,5%.
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