São Paulo – Aumentou a pressão dos sindicatos de metalúrgicos sobre as empresas fabricantes de veículos para que, mais uma vez, a produção seja paralisada para ajudar a conter a pandemia da covid-19, a exemplo do movimento iniciado em março do ano passado e que durou cerca de dois meses. Embora as fábricas operem com novos protocolos de segurança sanitária, desenhados especialmente para tentar conter a proliferação do novo coronavírus, os trabalhadores desejam ficar em casa diante do cenário de colapso no sistema de saúde da maioria dos estados e municípios brasileiros.
Na sexta-feira, 18, a Volkswagen puxou a fila e anunciou suspensão na produção de suas quatro fábricas por doze dias, a partir da quarta-feira, 24, para colaborar com o combate à pandemia. A Anfavea foi procurada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de São Bernardo do Campo, SP, e descartou movimento em bloco: em nota afirmou que “no que se refere à possibilidade de paralisações espontâneas nas fábricas, a decisão está a cargo de cada montadora, sempre em avaliação da situação sanitária de cada região do País, e em diálogo com os respectivos sindicatos de trabalhadores”.
Os sindicatos, portanto, foram ao diálogo. No ABC a pressão, após a decisão da VW, está sobre Mercedes-Benz e Scania, que ainda não têm previsão de paralisar as linhas. Pior: o setor de caminhões, especialmente pesado, está aquecido e recebendo pedidos já para o segundo semestre.
No Paraná o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, agradeceu, em vídeo, à Volkswagen e à Volvo por atender aos pedidos dos trabalhadores e suspenderem a produção. A VW em São José dos Pinhais para a partir de quarta-feira, 24. No caso da Volvo a empresa informou, em nota, que reduzirá o ritmo das linhas, mas não por causa da pandemia: por falta de peças e componentes.
Ele ainda lamentou que outras empresas não atenderam aos pedidos da entidade. A Renault produz veículos em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, SP, entregou carta à direção da General Motors na sexta-feira, 18, pedindo a licença remunerada a partir de 24 de março. A ideia é que as linhas fiquem paradas até 4 de abril. O sindicalista está otimista: em nota afirmou que “a concessão será a confirmação da sensibilidade e do apreço da companhia aos seus colaboradores neste momento de grave crise social”.
Mas a GM não pretende parar. Em nota, informou que desenvolveu protocolos que garantem segurança a seus trabalhadores, que "têm se provado eficientes para a prevenção do contágio". Diz a empresa que pesquisas internas apontam que seus funcionários "se sentem mais seguros nas fábricas do que em suas próprias casas" e que, portanto, "não há nenhum motivo que nos leve a alterar a programação de produção neste momento".
Foto: Divulgação.