São Paulo – As projeções otimistas do BNP Paribas acerca do crescimento econômico global incluem, também, a economia brasileira, ainda que com algumas ressalvas. Em seu relatório trimestral o banco parisiense ressalta desempenho econômico positivo especialmente na Europa e não vê muitos riscos de interrupção na trajetória ascendente dos PIBs.
“A partir do segundo semestre o cenário é de crescimento. Incertezas existem, mas são mais do crescimento para mais do que para menos”, analisou Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para a América Latina. “As políticas econômicas e monetárias reagirão a eventuais sinais negativos.”
Para o Brasil Arruda percebe dificuldades ainda no segundo trimestre, com retomada a partir da segunda metade do ano. O repique da covid-19 veio mais forte do que os analistas do BNP Paribas imaginavam há alguns meses e, aliado ao ritmo lento da vacina, prolongou o período de dificuldades e levará a economia brasileira a uma recessão técnica no primeiro semestre.
Mas a retomada da demanda global e uma eventual valorização dos preços das commodities podem, inclusive, puxar para cima as expectativas já positivas do banco. Arruda disse que a projeção é de aumento de 2,5% no PIB em 2021, que permitirá a “entrada em um 2022 com crescimento mais forte”.
A consequência dessa valorização das commodities, porém, poderá ser sentida na inflação. Embora Arruda descarte movimentos bruscos do Banco Central na correção da taxa de juros, pelo risco de frear a recuperação econômica, haverá atenção dos economistas do BC com relação à inflação, que ficará acima do centro da meta: superior a 5% em 2021 e na faixa dos 4% em 2022.
“Não deverão ser feitos muitos ajustes na taxa de juros. Existe o risco de desacelerar uma economia que já está muito frágil.”
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