São Paulo – A indústria brasileira está, na visão da Anfavea, diante de uma janela de oportunidades que poderá transformar o setor e o País tecnologicamente “em uma dimensão semelhante à ocorrida na década de 1960”. O presidente Luiz Carlos Moraes afirmou que poderão chegar até R$ 150 bilhões em investimentos que podem tornar o Brasil protagonista em eletrificação e biocombustíveis.
Esse valor seria aplicado caso o Brasil caminhe para o cenário otimista do estudo feito pela consultoria BCG, Boston Consulting Group, encomendado pela Anfavea. Nele a eletrificação por aqui entraria em convergência com a Europa, com penetração de elétricos em diversos segmentos, o que traria, em 2035, um mercado de 2,5 milhões de veículos eletrificados no País.
Para atender a essa demanda seriam necessários investimentos em fábricas de automóveis e veículos comerciais pesados, em fornecedores, em produção de baterias e semicondutores, segundo Moraes. “Por que não falar em uma produção local de baterias, plataforma de exportação? Temos uma janela de oportunidades que pode gerar um novo boom de investimentos em transformação tecnológica”.
Claro que não depende apenas da indústria: o governo precisaria estimular a demanda por veículos elétricos e adotar uma política de eletrificação, sem deixar de lado uma riqueza do País, os biocombustíveis. Aliando a adoção de modelos elétricos com maior penetração de veículos com motor flex fuel é possível reduzir bem as emissões de CO2 do País, como indicou o estudo.
E aí entra o governo mais uma vez: “É mandatório um programa de renovação de frota. Para tirarmos de circulação os veículos mais antigos, que poluem mais, tanto leves como comerciais. Existe uma boa fração de veículos apenas a gasolina na frota circulante local”.
Com o estudo em mãos a Anfavea caminha agora para tentar desenhar com o governo a estrada que a indústria poderá seguir nos próximos anos. Moraes alerta que não há como se descolar do setor globalmente: a produção daqui precisa abastecer, também, outros mercados. Seja com eletrificados, seja com modelos a combustão.
“União Europeia, Estados Unidos, China e Índia já definiram seu programa para o futuro. Chegou a nossa vez. Essa é a nossa intenção com o estudo, descobrir qual caminho adotar para termos base para discutir futuros investimentos com nossas matrizes”.
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