Miami, Florida, Estados Unidos – Uma companhia com menos marcas, menos complexidade e mais foco nas atividades fora de estrada. Foram alguns benefícios citados por Scott Wine, CEO da CNH Industrial, parcela que ficou com os negócios off-road da empresa homônima após conclusão da cisão com a Iveco no começo do ano, para justificar a decisão, tomada há mais de dois anos. “Foi bom para as duas companhias”, disse durante o CNH Capital Markets Day, um encontro com investidores internacionais em Miami, Florida, na terça-feira, 22.
Não é porque se dividiram que ficaram pequenas: a CNH Industrial continua uma gigante, com faturamento de US$ 19,5 bilhões no ano passado. 76% das receitas vem de sua divisão de agricultura, seu carro-chefe, mas os negócios com construção respondem por 16% do faturamento – os 8% restantes entram por meio do seu braço financeiro.
Podia ter sido maior esse faturamento, de acordo com o CFO Oddone Incisa: os entraves de fornecimento da cadeia de suprimentos, com os já conhecidos problemas logísticos decorrentes da pandemia de covid-19, jogaram para baixo o resultado do ano passado. E fizeram a companhia acelerar com sua base de fornecedores os planos de localização de componentes, para minimizar esses riscos no futuro.
Em Miami os executivos divulgaram alguns dos ousados planos para os próximos anos, que incluem melhorar a rentabilidade da já muito rentável divisão de agricultura, cuja margem EBIT fechou em 12,3%, para algo em torno de 14,5% e 15,5%, enquanto na de construção a meta é chegar a 5,5% a 6,5%, comparado com os 2,9% do ano passado.
A ideia é que o faturamento das vendas de máquinas Case e New Holland salte para US$ 20 a 22 bilhões. Como? Adicionando tecnologia que atenda aos objetivos de seus clientes, no campo e nas obras, como a redução de emissões e aumento de produtividade. Não muito diferente das metas da indústria automotiva on-road: equipamentos elétricos, ou com combustíveis alternativos, e autônomos.
A eletrificação faz parte dos planos da CNH Industrial, que criou uma divisão focada justamente nisso e em combustíveis alternativos. “A próxima geração de produtos entregará melhor experiência para o usuário, com redução de barulho dos equipamentos, melhor tração e melhorias na produtividade”, explicou a vice-presidente da área, Selin Tur. “Controles e automação serão mais responsivos e intuitivos e os dados estarão disponíveis o tempo todo, em todos os lugares”.
E o CEO Wine garantiu que a América do Sul não tardará a receber essas inovações: ele não vê motivo para que haja um hiato grande do lançamento de modelos elétricos e autônomos na Europa e América do Norte e na região. “Temos grandes clientes na América do Sul que desejam adotar novas tecnologias”.
Um dos exemplos é o trator movido a biometano, lançado na Europa no ano passado e que já está em exposição em algumas feiras agrícolas brasileiras e em testes com alguns clientes. Os planos incluem começar a comercializa-lo no Brasil em breve.
América do Sul – 16% da receita da CNH Industrial foi gerada na América do Sul. A região só é superada por Europa e América do Norte, com 37% cada. Mais de uma vez Wine destacou a importância dos países sul-americanos nos negócios da companhia, ainda que diante de um contexto de instabilidade.
O CFO Incisa, que já viveu no Brasil, lembrou da influência política no contexto econômico da região, mas destacou o papel do BNDES em oferecer financiamento que ajude o produtor, especialmente o pequeno, a ter acesso a máquinas e equipamentos. “O agronegócio caminha com as próprias pernas no Brasil e na Argentina. São dois mercados importantes dentro do negócio global”.
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