Objetivo é distribuir proposta aos então candidatos à presidência da República
São Paulo – Passado o período mais crítico da pandemia, e depois do excelente desempenho, bem acima do esperado, da Agrishow, que movimentou em negócios R$ 11,4 bilhões ante expectativa inicial de R$ 4 bilhões, a indústria de máquinas e equipamentos revigorou suas expectativas para 2022. Tanto que lá pelo meio do ano deverá rever suas projeções, de crescimento de 6%, apesar do inevitável impacto da guerra na Ucrânia.
Para virar a página de vez a Abimaq elaborou proposta de reconstrução da indústria a ser entregue a partir de julho aos candidatos à Presidência da República. Durante o primeiro dia da Feimec, Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, na terça-feira, 3, o presidente do conselho administrativo da entidade, João Carlos Marchesan, reforçou a necessidade de a indústria brasileira ser autossuficiente, principalmente depois do revés sofrido com a crise sem precedentes dos semicondutores:
“Precisamos reindustrializar o País. Nos anos 1990 tínhamos uma parcela importante do PIB. Hoje não representamos mais do que 9%. Na semana passada conversamos com o presidente Jair Bolsonaro e dissemos que não é possível continuar nessa situação, expusemos essa necessidade. Temos uma insegurança jurídica muito grande. Temos insegurança total no País. O custo Brasil corresponde a 20% do nosso PIB e a 30% do custo das empresas. Paulo Guedes falou muito e fez pouco. É preciso desonerar a indústria. Só assim seremos competitivos”.
João Carlos Marchesan
O projeto tem como princípios a aprovação da reforma tributária, a continuidade da reforma trabalhista, a ampliação da participação da indústria de transformação no PIB, a maior oferta de financiamentos para investimentos, o estabelecimento de política industrial, a maior desburocratização, a transição energética e a ampliação de aportes em infraestrutura, assim como a presença do setor no mercado internacional.
Marchesan destacou que é urgente a aprovação da PEC 110/2019, que visa a criar o IVA, e promover a reforma tributária, que terá papel também de desonerar investimentos e exportações e de reduzir custos administrativos: “Se crescermos, geraremos emprego e renda. De 1930 a 1980 crescíamos em média 7% ao ano, um crescimento chinês. Se nos anos 1980 somássemos os PIBs da China e da Coreia do Sul teríamos o do Brasil”.
Presidente executivo da Abimaq, José Velloso lembrou os porcentuais de crescimento do setor nos últimos anos: 5% em 2019, 10% em 2020 e 24% em 2021, sendo 28% no mercado interno. Este ano, entretanto, os primeiros meses andaram de lado devido ao conflito na Ucrânia somado à elevação dos custos das commodities.
“No acumulado desde 2019 o setor ampliou seu faturamento em 43%. Apesar dos percalços estamos muito otimistas, principalmente depois dos resultados da Agrishow. Tanto que nossa previsão para este ano era ampliar em 6% as vendas e em 17% as exportações, mas é possível que no meio do ano façamos uma nova previsão.”
José Velloso
Embora Velloso não tenha arriscado nova estimativa por ora disse que não deverá chegar a dois dígitos devido aos desafios econômicos que ainda persistem.
Dados de investimentos do setor, porém, mostram uma maior disposição dos empresários. Em 2021 o setor de máquinas e equipamentos investiu R$ 14,5 bilhões no próprio negócio e, para 2022, a projeção é a de que chegue em R$ 15,5 bilhões, alta de 6%: “No ano passado o investimento foi ampliado em 80%, tendo superado em 38% a previsão inicial. De longe foi o setor que mais investiu. Os dados demonstram que o segmento está acreditando fortemente em uma retomada”.
Financiamento como ponte – Para que as projeções se concretizem Marchesan bateu na tecla da necessidade de financiamento. Com relação ao pleito de liberação de créditos agrícolas de R$ 44 bilhões para o Moderfrota e o Pronaf, que ainda não teve resposta do governo, o presidente afirmou que 50% das máquinas agrícolas do País possuem mais de 15 anos, ou seja, estão defasadas:
“Financiamento agrícola não existe. No ano passado foi tão pouco o valor ofertado que começou em julho e terminou em outubro, novembro. Conversei sobre isto com o presidente Bolsonaro, sobre essa necessidade. O Finame também é quase inexistente”.