São Paulo – A fórmula da Stellantis para driblar o desafiador cenário de 2022, marcado por problemas globais de fornecimento e logística, inflação persistente, elevação do custo do combustível, volatilidade do dólar, ano eleitoral, guerra na Ucrânia e novo lockdown na China, está na ampliação da localização de novas tecnologias e dos lançamentos – só este ano foram sete, quase um por mês, e haverá outros quatro.
Novas projeções do mercado apontam para empate com os emplacamentos do ano passado, mantendo nível de 2,1 milhões de unidades, por causa de todas as incertezas e instabilidades, visão da qual o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, compartilha, e classifica como previsão realista. Ele, no entanto, não crê em deterioração da indústria mas na manutenção do setor.
Durante o segundo dia do Seminário Revisão das Perspectivas 2022, realizado de forma online pela AutoData Editora, o executivo destacou que vantagem indiscutível do grupo é o fato de reunir importante volume industrial com distintas marcas, o que traz escala de produção e a possibilidade de ampliar sua sinergia.
Dessa forma a companhia avança na localização de componentes, que hoje gira em torno de 65% a 90%, dependendo da fábrica. A unidade que possui maior porcentual de localização é a sede brasileira, em Betim, MG. Goiana, PE, aparece em segundo lugar, com 70%:
“Chegamos com dezessete fornecedores locais, hoje possuímos trinta e o plano é logo alcançar cinquenta. Elevar a localização em Pernambuco nos ajuda a diminuir o impacto mais negativo que temos lá, que é a logística, seja de chegada de peças ou de entrega de veículos. A logística pesa bastante na composição de custos e tem um gargalo de 10% a 12% em comparação às operações no Sul e no Sudeste. Por isto é importante descentralizar a indústria a fim de levar oportunidades de desenvolvimento a regiões fora desse eixo”.
Antonio Filosa
Por fim Porto Real, RJ, possui índice de 65%: “Ainda temos muito a avançar na nacionalização no País, principalmente em transmissão automática, componentes elétricos e eletrônicos e sistema de infotainment mais complexos, além de novas tecnologias”.
A Stellantis detém 23,5% de market share na América do Sul, sendo sua maior fatia na Argentina e no Brasil, com 33,7% e 33,6%, respectivamente. Em ambos os países a liderança é garantida pela Fiat. No Chile o market share chega a 11,1% sendo a Peugeot a maior responsável pelos emplacamentos no país.
De janeiro a junho foram comercializados no Brasil 283 mil 883 veículos do grupo, sendo 187 mil 251 da Fiat. A Jeep aparece em segundo lugar, com 61 mil 617 unidades e a Peugeot em terceiro, com 21 mil 687 veículos. Na quarta posição figura a Citroën, com 12 mil 264 unidades e na quinta a RAM, com 1 mil 64 veículos.
Desde o início do ano a Stellantis lançou no País o Jeep Renegade com novo motor T270, em fevereiro, RAM 3500 em março, Jeep Compass 4XE híbrido plug-in em abril, Peugeot Partner Rapid em maio e Fiat Scudo e e-Scudo em junho.
Os próximos da fila serão o Citroën C3, o Pulse Abarth, o Jeep Gladiator e o Fiat Fastback. Até 2025 haverá dezesseis novos modelos, sendo 34% SUVs, 28% vans, 25% pickups e 13% carros de passeio, além de 28 reestilizações e sete elétricos e híbridos.
Filosa ponderou que, embora alguns dos modelos sejam importados, outros tantos são localizados como produção e possuem potencial de alta nacionalização: “Sempre dispomos de orientação técnica e tecnológica e conversamos com fornecedores sobre o que queremos lançar para localizar tudo o que for possível”.