São Paulo – Fica em Sete Lagoas, MG, a maior fábrica da Iveco no mundo, e os planos são de ampliar a presença no continente e expandir as exportações a partir da unidade. Não à toa o Grupo anunciou no primeiro semestre plano de investimento na região de R$ 1 bilhão até 2025.
“Antes nossa presença nos mercados latinos era muito tímida como marca e como presença de parceiro importador”, afirmou Bernardo Brandão, diretor de marketing para a América Latina. “Agora assumiremos uma posição mais protagonista.”
Brandão participou do segundo dia do 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado pela AutoData Editora, de forma online, até sexta-feira, 19.
A Colômbia é um dos países que a Iveco está de olho: “Seu mercado de pesados é extremamente americanizado, produtos completamente diferentes. Estamos trabalhando em definição estratégica de portfólio e estrutura de atendimento para começar a reativar a marca no país, com bom atendimento principalmente de pós-venda”.
Brandão contou que o México também está sendo estudado pela companhia, mas que possui características para serem trabalhadas do ponto de vista de regionalização:
“A Iveco foi atrás de firmar novas parcerias, buscar os principais grupos importadores que distribuem nossos veículos. Começamos efetivamente a trabalhar a reestruturação de importadores e temos planos de expandir para outros países, o que não está concluído, pois passa por processo estrutural e longo. Primeiro determinaremos novo parceiro de negócios e depois o portfólio mais adequado para esses países”.
Hoje os principais mercados latinos da Iveco são Chile, Peru, Uruguai e Paraguai. Quanto à concorrência com produtos chineses o executivo assinalou que o produto Iveco possui característica mais premium mas que há espaço para todos.
Até o fim do ano a Iveco deterá 175 pontos de atendimento na América Latina, que possui mercado estimado em 240 mil veículos para 2022, estabilidade frente ao ano passado. No entanto a montadora alcançou o maior market share de sua história no mercado latino, de 12,8%, e grande parte se deve ao fato de ter tido o melhor semestre nas vendas para mercados importadores, com expansão de 420%.
Os planos, afirmou Brandão, são manter o ritmo e quadruplicar as exportações. Para a produção a projeção segue em 30 mil unidades até dezembro, alta de 30% frente a 2021 e de 170% ante 2019.
Para dar conta do recado – Apesar de todo o otimismo o diretor de marketing reconheceu desafios como a volatilidade da América Latina e sua constante necessidade de reformas nos cenários político e econômico. Além disso Brandão não vê o fim da crise dos chips antes de 2023, devido à tendência de continuidade de problemas na cadeia de fornecimento e da instabilidade global.
Adicionalmente existem distintas normas de emissões de poluentes, a depender de cada país. Como na Argentina o Euro 5 deverá continuar, uma vez que não há a necessidade de migrar para o Euro 6, o objetivo é usufruir da sinergia do processo de ambas as plantas para distribuir veículos ao mercado da região.
A unidade brasileira, que celebra 25 anos em 2022, além de ser a maior da Iveco no mundo, também é a única que possui um centro de desenvolvimento e pesquisa fora da Europa. A planta argentina, em Córdoba, onde está há 53 anos, possui algumas particularidades complementares à brasileira, como o fato de ser a única que produz veículos pesados e a primeira a fabricar veículos movidos a GNV, por exemplo, o Tector.
No Brasil o primeiro caminhão a gás sairá das linhas de produção do fim deste ano ao início do próximo, o que está contemplado no aporte para região. Vinte veículos já estão rodando em testes.
“Na Colômbia vendemos 130 veículos para o transporte de passageiros. E o Chile tem uma das maiores frotas elétricas para transporte de pessoas do mundo. A região é um expoente de propulsão alternativa e vemos muitas oportunidades para serem trabalhadas aqui.”