Caxias do Sul, RS – A Marcopolo ainda busca entender melhor as medidas anunciadas pelo governo para impulsionar o mercado de caminhões e ônibus por meio de uma espécie de programa de renovação de frota. O presidente André Armaganijan afirmou que ainda existem dúvidas a respeito do processo, como a questão do descarte do veículo antigo, mas que a procura está começando. Segundo ele as empresas ainda estão tentando chegar à melhor forma de colocar a proposta em prática.
“Estamos conversando, internamente, e estruturando isso. Qual será a melhor forma de oferecer o benefício e de captar o ônibus antigo? E quem fará o descarte? O comprador do novo produto é o mesmo dono do veículo de vinte anos ou mais de idade? Ou ele pode comprar um usado e fazer o descarte?”.
No início do mês o governo anunciou que, durante 120 dias, ou seja, até outubro, o programa de incentivo à renovação de frotas de caminhões e ônibus dará desconto direto ao consumidor. O abatimento, que varia de acordo com o preço do veículo, ou seja, quando mais caro, maior, varia de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil, e é oferecido diretamente nas concessionárias.
O valor que a concessionária deixar de receber será coberto pela montadora, que o reverterá em crédito tributário. Tal crédito poderá ser usado para pagar tributos ou fazer abatimentos em declarações futuras. Segundo o MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi reservado R$ 1 bilhão para as fabricantes adeptas ao programa durante o período, sendo R$ 300 milhões para o transporte de passageiros, ou seja, para vans e ônibus, e o restante a caminhões.
Armaganijan assinalou que a Marcopolo ainda está avaliando qual modelo poderá ter maior representatividade, ou seja, que poderá movimentar mais o mercado. Sua aposta é nos micro-ônibus, que possuem preço de venda menor e maior idade média, o que favorece mais a renovação. O impacto será mais significativo na parcela desse cliente, embora os descontos sejam proporcionais aos portes e aos preços dos veículos, ou seja, quanto maiores os preços maiores também os abatimentos.
De acordo com balanço do MDIC nove empresas de ônibus aderiram ao programa, que já teve 30% do valor liberado, o equivalente a R$ 90 milhões. Fazem parte também, além da Marcopolo e da Volare, Mercedes-Benz, Scania, Stellantis, Mercedes-Benz Cars & Vans, Comil, Ciferal e Iveco.
Armaganijan reconheceu que programas de incentivo à troca e à renovação em cenário de juros elevados e crédito complicado são muito bem-vindos, pois fomentam o mercado de urbanos e rodoviários. Em sua opinião, porém, a proposta deveria ter prazo maior do que o que foi apresentado:
“Enquanto a empresa está estruturando o modelo a ser apresentado o prazo de 120 dias já está passando. Se queremos que o programa seja um incentivador de renovação é importante que ele tenha período maior”.
Por este motivo também o CEO da Marcopolo avaliou que a proposta é um fator a mais que pode ajudar, mas que não deverá ter um grande impacto nas receitas da companhia como programas mais robustos e perenes, a exemplo do Caminho da Escola, que, inclusive, tem nova licitação prometida para as próximas semanas.