São Paulo – Lançado no início de junho pelo governo federal programa de incentivo à compra de carros 0 KM de até R$ 120 mil com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil tem dado impulso às vendas da Nissan, que conseguiu incluir duas versões mais acessíveis do seu SUV Kicks, que parte agora de R$ 112,9 mil. O Versa, embora custe a partir de R$ 105,1 mil, ficou de fora por ser importado do México.
Para o presidente e diretor geral no Brasil, Gonzalo Ibarzábal, no entanto, ainda não é possível mensurar o impacto e nem se seu efeito foi pontual ou se houve, de fato, uma melhora na produção: “Se olharmos apenas para estes dois meses de programa as vendas cresceram. Mas se nos próximos meses os números voltarem a baixar teremos apenas antecipado a demanda. A resposta teremos, acredito, nos próximos cinco meses, para verificar o efeito de fato. Até porque ainda temos carros a serem vendidos com o desconto”. Ele participou de evento de apresentação do Nissan Versa realizado na terça-feira, 18.
De qualquer maneira Ibarzábal avaliou o programa como positivo neste período porque ajudou a movimentar o estoque dos concessionários. Mas, para que haja mudança profunda que movimente o chão de fábrica, é preciso de mais do que uma medida com aquele perfil.
“Não há mudanças na produção se não houver previsibilidade. Temos hoje uma indústria que está tomando decisões há seis meses e não há dois. Da mesma maneira, para ter realmente um impacto, são necessárias medidas de longo prazo, de seis meses a um ano.”
Ibarzábal reforçou que o plano para continuar galgando espaço no mercado brasileiro está calcado nos cinco modelos disponíveis: Kicks, Versa, Sentra, Frontier e Leaf. O Versa, no caso, é o que traz mais novidades, uma vez que teve sua linha 2024 lançada no mês passado.
“Para este ano não temos lançamento previsto”, respondeu, perguntado sobre a possibilidade de algum reforço no portfólio, especialmente de um modelo de SUV. Sobre o ano que vem o executivo desconversou. Mas afirmou que a Nissan crescerá, naturalmente, com seus cinco modelos, especialmente com a nova roupagem do Versa.
Detentora de 3,4% do mercado brasileiro a Nissan mantém sua projeção de chegar a 4% no fim do seu ano fiscal de 2023, em março do ano que vem, e a 5% no fim do ano fiscal de 2024, em março de 2025, conforme contou à Agência AutoData em março.
Ibarzábal reconheceu a necessidade de haver a redução da taxa de juros, atualmente com a Selic em 13,75% ao ano. Defendeu que se a taxa baixar, a inflação seguir sob controle e o PIB avançar a indústria voltará à expansão e poderá, dos atuais 2 milhões a 2,2 milhões de unidades, chegar ao patamar de 2,5 milhões a 2,7 milhões.
“Não tenho nem ideia se o Banco Central vai baixar os juros na reunião de agosto. Mas sou muito otimista com o crescimento do Brasil pois foi um dos primeiros países a subir as taxas juros para controlar a inflação. Creio, portanto, que voltará a crescer como antes. Parece que é natural.”