São Paulo – Cada país ou região tem suas peças de lego da descarbonização para montar. Alguns serão mais parecidos e outros menos mas é certo que o Brasil, por ser privilegiado em fontes renováveis de energia, tem mais opções. As rotas da mobilidade sustentável sem emissão de CO2 foram debatidas no último painel do trigésimo Simea, Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva. Representantes da Aneel, Abegas, Petrobras, BE8 Energy, Unica e Giz Brasil trouxeram as suas impressões.
Maria Izabel Ramos, gerente de mercados de carbono da Petrobras, disse que cada país possui peças de lego diferentes, com a mesma missão de montar uma casa. Ao final cada um terá uma casa diferente, com algumas mais parecidas e outras menos: “O problema é o mesmo para todos: como promover uma matriz limpa, Mas cada país terá um caminho para chegar até lá”.
O presidente e CEO da Unica, União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, Evandro Gussi, usou a mesma analogia do tradicional brinquedo de origem dinamarquesa. Na sua opinião o Brasil recebeu uma caixa com peças de lego muito boas, pois possui diversas matrizes energéticas limpas. Gussi acredita que no País a discussão não será por uma ou outra rota: “Vamos discutir como fazer isso e aquilo, não optar por uma das soluções. Todos os setores devem trabalhar em conjunto”.
Representante do setor de geração de energia elétrica no País, a Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica, aposta na cooperação entre os setores para o desenvolvimento das novas tecnologias. Pedro Mello Lombardi, gerente de distribuição da agência, acredita que o setor estará pronto para atender a maior demanda por energia com o avanço dos veículos elétricos: “As empresas do nosso setor estão acostumadas com grandes investimentos para expandir sua operação, sempre olhando muitos anos para frente, e conforme as novas tecnologias chegarem conseguiremos oferecer a energia necessária”.
Representando o setor de gás no Brasil, Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da Abegas, Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, disse que o gás natural e o biometano farão parte da transição energética no Brasil, lembrando que o gás natural já é usado em mais de dois milhões de veículos: “Agora estamos falando desse combustível para os veículos pesados e, quando olhamos para esse segmento, as novas soluções deverão ser compartilhadas, com trabalho em conjunto, para que todas as matrizes energéticas se complementem”.
Como exemplo desse futuro eclético, já temos empresas que estão trabalhando em diversos tipos de combustíveis renováveis para o futuro a curto, médio e longo prazo. É o caso da BE8 Energy, que trabalha como foco em diversos biocombustíveis, de acordo com o seu superintendente de estratégia e novos negócios, Camilo Adas:
“Temo duas plantas de biodiesel e projetos com HVO para pesados e SAF para aviões, que pode ser feito na mesma unidade do HVO. Para resolver uma demanda por etanol no Rio Grande do Sul, que não tem o combustível em muitos postos por causa do alto custo de logística, vamos construir uma planta para produzir etanol de trigo com preço competitivo”.
A BE8 Energy também está envolvida com projetos de hidrogênio, mesmo caso da Giz Brasil, empresa ligada ao governo da Alemanha que trabalha em cooperação com o governo brasileiro, investiu 34 milhões de euros no País para o desenvolvimento do hidrogênio verde. Bernd dos Santos Mayer, coordenador deste projeto no País pela Giz Brasil, disse que os trabalhos estão previstos para acabar até o final do ano:
“Temos cinco equipes no Brasil. Na semana passada inauguramos um laboratório no Rio de Janeiro para produzir hidrogênio verde que será testado em bicicletas usadas em entregas. Semana que vem vamos inaugurar um laboratório de cinco andares em Florianópolis e mês que vem mais um em Itajubá”.