São Paulo – A GWM assinou contratos de confidencialidade com 52 fornecedores brasileiros para que eles possam submeter seus projetos à montadora, que planeja o início de sua operação em Iracemápolis, SP, ainda no primeiro semestre. A informação foi dada na terça-feira, 28, pelo diretor de assuntos institucionais, Ricardo Bastos.
“Ontem [segunda-feira, 27] tivemos reunião com sistemistas que fornecem a outras montadoras e podem se agregar ao nosso processo produtivo ao entregarem conteúdo local. Isto permite que tiremos atividades de dentro da fábrica que podem ser feitas por outras empresas para, então, que possamos agregar processos industriais.”
Embora a empresa não divulgue os nomes das fornecedoras a reportagem da AutoData apurou com fontes de mercado que integram a lista empresas como Iochpe Maxion, Petronas, Total, Basf, PPG e Dupont e Total. Além delas já eram sabidas Bosch e WEG, parcerias que já haviam sido divulgadas para o desenvolvimento do sistema híbrido plug-in flex.
Dentre os segmentos destas 52 companhias estão, portanto, líquidos fluidos, como óleos e fluidos de freios, filtros e ar-condicionado: “Não é interessante trazer isto da China. Pretendemos nacionalizar tudo o que for relacionado ao motor a combustão e, portanto, aplicado na tecnologia híbrida”.
Rodas e pneus também integram a lista, pois, segundo Bastos, isto é interessante para auxiliar o pós-venda, uma vez que pneus são peças de reposição constante. Partes dos bancos, como a espuma e a tapeçaria, igualmente fazem parte. Assim como conectores e chicotes elétricos, estes últimos com a possibilidade de virem do Paraguai, que se especializou no produto.
Os vidros serão brasileiros, apesar de inicialmente ter havido ressalva quanto ao para-brisa, por não terem conseguido encontrar quem atendesse às especificações. Recentemente, porém, encontraram empresa que disponibilizou tecnologia igual ou superior à usada na China: “Nos foi perguntado se teriam de seguir nossa especificação, mas deixamos abertos para que seja proposto algo diferente, contanto que o resultado seja o mesmo ou melhor”.
Bastos ressaltou ainda que as tintas usadas nos veículos serão daqui. Quanto à estrutura física da área da pintura alguns equipamentos da antiga fábrica da Mercedes-Benz, adquirida pela GWM em 2021, foram mantidos: “A unidade de pintura é muito moderna, então vamos aproveitá-la. Não é comum iniciar um processo produtivo com pintura local, mas incorporamos a infraestrutura e encontramos fornecedor de tintas que atende às necessidades. Apenas algumas máquinas virão de fora”.
O executivo assinalou que, com estas 52 companhias, é possível começar a rumar ao plano de que 60% do conteúdo dos veículos sejam do Mercosul, o que permitirá a exportação desde o Brasil. Segundo ele com a concretização do fornecimento delas será possível caminhar para 35% em 2026 ou 2027, para que em 2028 vá para os 50% e, então, caminhe para o objetivo de 60%, divulgado durante evento realizado pelo Sindipeças em dezembro, quando a negociação foi aberta.
“Este é o nosso compromisso, e com o dólar como está, na casa de R$ 6, tudo faz ainda mais sentido. Conseguimos escapar da flutuação cambial, garantir o produto e exportar”, disse. “Para não ficarmos com processo engessado não estamos trazendo CKD. Optamos por trazer peça por peça: assim, por exemplo, se conseguimos o amortecedor não precisamos trocar toda a suspensão.”
GWM planeja nacionalizar montagem de baterias
Para avançar mais rapidamente no índice de conteúdo local Bastos contou que a empresa está estudando forma de viabilizar a montagem de baterias no Brasil, da mesma forma como hoje fazem BYD, WEG e Livoltek, por exemplo, no fornecimento para ônibus elétricos.
Tal planejamento deverá se concretizar por meio da SVolt, fabricante pertencente à GWM na China: “Em um primeiro momento pensamos em trazê-la para fazer a montagem, mas agora buscamos um parceiro local para fazer parte deste processo e partilhar os investimentos”.
Desta forma a bateria, ainda que com as células importadas, entraria como conteúdo nacional e seria contemplada, inclusive, pelo Mover, por se tratar de nova tecnologia, assinalou o diretor, ao complementar que já discutiu esta possibilidade com algumas pessoas do governo, sem pormenorizar.
“Isto dará escala para começar a fabricar células futuramente. O Brasil possui lítio e materiais raros que vão para baterias de celular, powerbank e, a partir de então, poderão começar a integrar veículos.”