São Paulo – A Case IH foi a marca escolhida pelo Grupo CNH Industrial para iniciar os testes em campo do novo motor movido a etanol para máquinas agrícolas. A avaliação começou no ano passado, com dez dias de operação na São Martinho, usina produtora de cana-de-açúcar, bem no fim da safra. Para 2025 a expectativa é de que a colhedora de cana-de-açúcar trabalhe do fim de abril até dezembro, dez horas por dia, somando cerca de duzentos dias de operação:
“Estamos na fase de engenharia avançada”, disse Nilson Righi, gerente de marketing tático da Case IH para América Latina. “Testaremos a máquina no campo e avaliaremos os dados, pois temos metas mínimas de consumo e eficiência para validar nos testes e iniciar o projeto de uma nova máquina movida a etanol.”
O executivo contou que a decisão de produzir uma máquina movida a etanol ainda não foi tomada e que depende dos números que serão registrados nos testes ao longo do ano. Os dados coletados em 2024 mostraram, porém, que a colhedora movida a etanol é promissora.
A expectativa é de coletar dados a partir de 2 mil horas de trabalho que a máquina realizará ao longo de 2025 e definir se ela está pronta para ser um projeto final e avançar para aprovação de verba e produção do equipamento, ou se será necessário realizar algumas mudanças no projeto.
Righi disse que existem dois pontos chaves: o primeiro é a potência do motor, que precisa ser igual a de um motor movido a diesel, fator que a Case IH já está bem próxima de atingir, pois o motor movido a etanol está gerando cerca de 400 cv, contra 420 cv no caso do diesel. A diferença deverá ser tirada com algumas programações eletrônicas:
“O segundo ponto é a questão do consumo, pois o consumo do etanol sempre será pelo menos 70% maior do que o do diesel, por questões físicas, de propriedades de cada combustível. Desta forma estamos trabalhando para chegar o mais próximo possível desse porcentual de 70% e estamos confiantes de que será possível, mas precisamos de mais horas de teste”.
Em paralelo aos testes em campo a Case IH mantém um segundo motor movido a etanol sendo testado no dinamômetro, para identificar mudanças necessárias em hardware, software, curva do motor, injetores e outras peças. Quando a empresa considerar que está no ponto ideal aplicará as eventuais mudanças em uma segunda colhedora de cana-de-açúcar, que irá para o campo para coletar novos dados.
A expectativa é de que os testes mostrarão os números necessários para validar o projeto ao longo de 2025, para que em 2026 comece todo o trabalho de desenvolvimento, que demorará de dois a três anos, para que a colhedora de cana-de-açúcar movida a etanol se torne um produto no portfólio a partir de 2028: “A ideia é ter as duas opções para o cliente, diesel e etanol, e aí ele escolhe qual motorização é ideal para a sua operação”.
No segmento de cana-de-açúcar a colhedora movida a etanol deverá ganhar mais espaço depois de lançada, representando a maior parte das vendas, pois para o segmento sucroalcooleiro esta máquina faz muito sentido. Ao mesmo tempo ajudará a reduzir as emissões de CO2 e os custos da operação, pois é mais barato para as usinas usarem o etanol que elas podem produzir do que comprar diesel no mercado, que representa a maior parte dos gastos, cerca de 30%:
“Depois deveremos avançar para outros motores movidos a etanol, usando como base algum motor movido a gás da FPT. Tratores com potência de 180 cv a 250 cv são muito usados pelas usinas na colheita e este segundo passo será natural, o próprio mercado irá demandar e nós teremos que desenvolver”.
Para outros segmentos além da cana-de-açúcar o executivo acredita que haverá uma demanda por máquinas movidas a etanol, pois as empresas buscam reduzir a emissão de CO2 e alguns clientes grandes já consideram isso na hora de comprar, optando por produtores que agridem menos o meio ambiente. Mas ainda haverá clientes que escolherão o diesel, pois ainda que o etanol seja popular em todo o Brasil em algumas regiões mais isoladas ele não é tão fácil de ser encontrado.