Fabricante de peças em metal borracha para suspensões, com gestão familiar, persegue faturamento de R$ 500 milhões
São Paulo – A história da Mobensani, que fabrica peças em metal borracha para suspensões em Guarulhos, SP, mostra que não há idade para empreender. E que a gestão familiar pode, sim, dar certo. O ano era 1987 e Amir de Azevedo, então sócio de grupo empresarial que incluía a Mobensani, com 1% do capital, ficou com a empresa, existente desde 1964, quando houve a cisão. Aos 50 anos de idade incluiu suas duas filhas no negócio e, após recalcular a rota do que seria produzido, optou por fornecer ao setor automotivo, e exclusivamente ao mercado de reposição.
38 anos depois a empresa, que há 15 cresce dois dígitos anualmente, busca ampliar em 27% seu faturamento, para R$ 500 milhões, a partir da fabricação de 25 milhões de itens em 2025, quando serão investidos R$ 25 milhões, principalmente em tecnologia, na aquisição de maquinários, a fim de deixar a fábrica em linha com a indústria 4.0.
Para os próximos dois anos o plano é dobrar a parcela exportada para 10% da produção e inaugurar novo centro de distribuição que acomode melhor os produtos e ofereça maior automação, o que está orçado em outros R$ 50 milhões.
Quem destacou os números e relembrou a trajetória a Agência AutoData foi Simone de Azevedo Franzo, diretora e sócia da Mobensani, hoje com 55 anos, que ingressou na empresa aos 19. Tudo começou em galpão alugado de 1 mil m² no bairro guarulhense de Cumbica. Da linha de metal borracha, carro-chefe dos dias atuais, havia apenas catorze itens. À época eram produzidas peças de bomba vibratória para puxar água de poço e borracha de freio de bicicletas.
Com o passar do tempo importante cliente verticalizou a fabricação de componentes da bomba e os chineses invadiram o mercado com os itens de ciclismo a preços competitivos, o que levou os Azevedo a redirecionarem a produção ao setor automotivo, ramo em que o pai tinha experiência profissional.
O portfólio então passou a cinquenta itens, posteriormente dobrou de tamanho, e a empresa mudou-se para São Paulo, em área de 2 mil m². Como o espaço não era horizontal e estava em área residencial, o retorno a Guarulhos não tardou muito.
Fábrica de peças em metal borracha para suspensão da Mobensani em Guarulhos, instalada em área total de 33 mil m². Foto: Divulgação.
Em 2005 a família adquiriu galpão em outro bairro, Bonsucesso, e alugou o terreno ao lado, em espaço ocupado até hoje, composto por área de 33 mil m², em que 3 mil variedades de itens são produzidas, como coxins de câmbio, coifas de amortecedor e buchas de suspensão que atendem ao aftermarket de carros de passeio, caminhonetes e VUCs.
E desde o ano passado, relatou a diretora, tornou-se crescente a preocupação com compliance, governança e sustentabilidade, o que motivou a reformulação da marca: “Hoje somos uma empresa alinhada com ESG. Este ano a Mobensani foi chancelada com o selo A+ pela Receita Federal, o que significa que estamos em conformidade com o pagamento de impostos e livre de problemas com a aduana. Isto dá credibilidade”.
Ela mencionou também iniciativas como o tratamento de resíduos e o que chama de sua menina dos olhos, o projeto Abraça Brasil, em que todos os meses um porcentual do faturamento é dedicado a instituições indicadas por clientes.
Motivada pela maior produtividade e também pela dificuldade de ampliar a mão de obra Franzo contou que a empresa, hoje com seiscentos profissionais e 32 vagas em aberto, tem focado no investimento para a aquisição de máquinas, como injetoras, scanner 3D, e de pintura – tudo importado de Taiwan.
No ano passado foram aportados R$ 23 milhões, quando a produção alcançou 20 milhões de unidades e o faturamento cresceu 23%. Para este ano é projetada a expansão de 27% na receita, para R$ 500 milhões, em meio a investimento de R$ 25 milhões e com o objetivo de fabricar 25 milhões de peças.
“O mercado de reposição no Brasil é único, é igual jabuticaba. Por este motivo só vemos crescimento para a Mobensani. E mesmo com o avanço da eletrificação nada muda no nosso faturamento, pois carros elétricos também têm suspensões e peças de borracha.”
Atual centro de distribuição da Mobensani está próximo de ocupar capacidade total, o que demanda novo espaço, previsto para 2027. Foto: Divulgação.
A empresa explora, ainda, a reposição na América do Sul, sendo que em torno de 5% do que é fabricado em Guarulhos é embarcado a países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Equador, Venezuela. O plano é dobrar o porcentual em dois anos, ao buscar também o mercado estadunidense:
“Nos Estados Unidos as peças são diferentes. Vamos desenvolver itens específicos para lá, pois desde a pandemia notamos maior procura por novos fornecedores”.
Com volume de lançamentos de cem a 130 peças por ano o centro de distribuição está ficando pequeno e, para tanto, Azevedo contou que está orçando a construção de novo armazém em área de 15 mil m², “com o máximo de automação”. Com investimento necessário de R$ 50 milhões plano é começar a construí-lo até 2027.