O Brasil entrou de fato no mapa-múndi da produção mundial de veículos a partir da metade dos anos 1950, quando Juscelino Kubitschek, eleito presidente da República em 1955 e empossado no ano seguinte, colocou a nacionalização da indústria automotiva em seu Plano de Metas, como elemento fundamental para o desenvolvimento industrial de maior complexidade que ainda faltava ao País.
O caminho para a instalação de fábricas de veículos e autopeças já tinha começado a ser pavimentado ainda no governo anterior de Getúlio Vargas, tomando como base montadoras e fornecedores de componentes que já existiam. Na virada para a segunda metade do século 20 estavam em atividade no País meia dúzia de montadoras de veículos, as três multinacionais Ford, General Motors e International, duas nacionais Vemag e Brasmotor, licenciadas para montar modelos de marcas estrangeiras, e a estatal FNM, Fábrica Nacional de Motores, que montava caminhões sob licença da italiana Alfa Romeo.
A nascente indústria de autopeças surgiu da necessidade de suprir partes de reposição durante a Segunda Guerra Mundial, quando faltaram os componentes importados. Mas esta mesma cadeia de suprimentos nacional que sustentou o mercado foi desprezada e sufocada no pós-guerra, com a volta das importações, embaladas por câmbio valorizado e saldo positivo de reservas internacionais.
Mas justamente as importações de veículos e autopeças esvaziaram o caixa em dólares, pois no pós-guerra, de 1945 a 1952, as compras de produtos automotivos custaram ao País a média de US$ 143 milhões por ano – cifra que acrescida da inflação nos Estados Unidos, trazida a valor presente, chega a US$ 1,7 bilhão. Eram os itens que mais oneravam a balança comercial brasileira, com gastos acima do que os para importar gasolina ou trigo. Só em 1951 foi importado o volume recorde de 100,4 mil veículos, ao custo de US$ 276,5 milhões – ou US$ 3,3 bilhões em valor de hoje. Assim, pela dor, o governo percebeu a importância e a urgência de criar políticas propícias à nacionalização desta indústria.
ESTÍMULOS À NACIONALIZAÇÃO
Esta reportagem foi publicada na edição 423 da revista AutoData, de Julho de 2025. Para ler ela completa clique aqui.
Foto: Divulgação/VW