O setor automotivo está na rota da retomada do crescimento e, para Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford, o mercado mostra alguns sinais de melhorias: “Agenda de reformas, avanços econômicos, instituições mais sólidas, melhor administração das estatais e a maior produção de papelão ondulado são fatores que demonstram a retomada do crescimento”.
Porém, mesmo dentro desse cenário, alguns fatores ainda preocupam a indústria: “A inadimplência das famílias está caindo mas o ritmo é lento e o mesmo acontece com a taxa de juros para pessoas físicas e com a taxa de desemprego”.
Mesmo no caminho da retomada, contudo, é necessário buscar o crescimento sustentável – que não acontece ainda porque os bons números têm, como base, dois fatores que não passam pelo consumidor final: vendas diretas e exportações. Segundo os dados divulgados por Golfarb durante palestra no primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2018, as vendas totais cresceram 24,5% de janeiro a setembro mas apenas 4% foram de automóveis vendidos para pessoas físicas e 20,5% foram vendas diretas, como os negócios fechados com as locadoras. No caso das exportações, a produção também recebeu impacto, cresceu 27%, com 14,8% desse volume sendo exportados:
“Os números mostram que as vendas diretas estão ajudando o mercado, mas também deixam claro que as vendas para pessoas físicas ainda sofrem para crescer. Dos 14,8% de aumento da produção que foram exportados, 9,8% tiveram a Argentina como destino e a questão é até quando o mercado argentino terá esse volume de crescimento”.
Para o crescimento sustentável da indústria Golfarb acredita que a solução de algumas questões é essencial:
“A liberação de crédito ainda é seletiva e restritiva, precisamos retomar a geração de empregos e, com isso, aumentar o poder de compra das famílias, que estarão menos endividadas e terão condições melhores para pagar os empréstimos, que ficarão mais flexíveis caso a retomada realmente aconteça”.
Para ilustrar o impacto que o aumento do desemprego e a falta de crédito geraram para o setor o executivo usou os dados do segmento que mais requer crédito, de compactos e de subcompactos: “Este segmento representava mais de 2 milhões de carros vendidos em 2012. Agora, em 2017, este volume é de 1 milhão 180 mil, caindo 46,2% e afetado diretamente pela falta de crédito no mercado e pelo aumento na taxa de desemprego”.
Outra questão discutida por Rogelio Golfarb é a legislação e a tributação que mudam de país para país, dificultando a competividade e aumentando os custos de produção: “Se esses dois fatores fossem iguais nos países da América do Sul seria mais fácil a manufatura de um produto local por meio da redução dos custos inerentes. Esse é assunto que as empresas do setor automotivo estão tentando resolver para que a indústria se torne mais competitiva nesses mercados e tenha custos menores”.
Foto: Maurício de Paiva
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