AutoData - Setor automotivo aguarda a definição sobre o Rota 2030
Indústria
17/11/2017

Setor automotivo aguarda a definição sobre o Rota 2030

Imagem ilustrativa da notícia: Setor automotivo aguarda a definição sobre o Rota 2030
Foto Jornalista  Caio Bednarski

Caio Bednarski

A notícia publicada no jornal Folha de S.Paulo na sexta-feira, 17, dizendo que o presidente da República decidiu adiar o anúncio do Rota 2030 até que esteja finalizada as negociações do Mercosul com a União Europeia pegou o setor automotivo de surpresa. AutoData procurou os principais líderes do setor e entidades, mas todos preferiram não comentar. Alguns, inclusive, nem sabiam que tal decisão havia sido tomada pelo governo federal. Outros sequer acreditaram. Por enquanto não há informações oficiais sobre o tema. Assim, o setor segue em compasso de espera e na torcida pela aprovação do Rota 2030.

 

De acordo com fontes ligadas aos importadores de veículos, um provável acordo dos blocos será um grande trunfo do governo Temer, pois as conversas para o livre comércio se arrastam por longos 18 anos. Com isso, o presidente atrasaria a chegada do Rota 2030, para que possíveis normas do programa veicular não criem entraves para o acordo bilateral.

 

Toma-lá-dá-cá – Uma das linhas de negociação que estarão no bojo do acordo é o livre comércio da produção agrícola do Mercosul para Europa, enquanto os veículos produzidos pela UE não pagariam taxa para entrar nos países do bloco sul-americano. Caso o acordo seja aprovado e um futuro programa veicular venha a ser criado, não será possível criar taxas para os veículos importados, conforme normas da OMC.

 

Por outro lado, produtores de grãos europeus já demonstraram preocupação com a chegada dos produtos vindos da América do Sul sem taxação, o que dificultaria a competitividade do mercado local. Por aqui também há preocupação, porque muitas montadoras seguiram as normas do Inovar-Auto e investiram no Brasil ao longo de cinco anos para não pagar a taxa extra de 30 pontos porcentuais de IPI.

 

Independentemente do acordo de livre comércio, do Rota 2030 e de um novo programa veicular, as empresas associadas a Abeifa, que representa o setor de importados, já estão preparadas para trabalhar com base no IPI antigo – taxas de 7% até 25%. Eles acreditam que a situação do mercado nacional para os importados pode melhorar, pois a expectativa de vendas em 2018 é de 40 mil unidades, contra 27 mil projetadas para este ano. 

 

Autopeças – Fontes ligadas ao setor consideram que o ideal é que o Rota 2030 seja aprovado o quanto antes ou que um novo programa de incentivo ao mercado automotivo local seja criado, pois o setor não foi incentivado pelos benefícios do Inovar-Auto.

 

Na edição da revista AutoData de setembro, que abordou as possibilidades do Rota 2030, o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, falou sobre alguns incentivos que viriam do novo programa e beneficiariam o setor. “Esperamos a possibilidade de ações de fomento que permitam incluir o segmento em programas federais de pesquisa e desenvolvimento já existentes, mas que não contemplam a categoria”.

 

Com isso, caso o Rota 2030 seja adiado, será um problema que o setor de autopeças não estava contando e pode ser que continue na mesma situação atual.

 

Foto: divulgação