AutoData - Preço do aço subiu mais do que o de veículos
Indústria
26/07/2018

Preço do aço subiu mais do que o de veículos

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – As usinas que beneficiam aço no País já consideram a possibilidade da maior entrada do insumo produzido na China caso o dólar, moeda utilizada na cotação internacional da matéria-prima, se desvalorize. O cenário é visto pelo setor automotivo, um dos maiores compradores de aço, como oportunidade de aliviar as pressões que sofrem atualmente de repasse no preço final dos veículos.

 

De acordo com Gilberto Heinzelmann, presidente da Zen, fabricante de autopeças, ambiente favorável é aquele no qual a indústria tenha operações no mesmo lugar onde está o aço. Mas as tensões dos Estados Unidos com a China, e fatores estruturais do Brasil, podem resultar em aço mais caro, o que desencadeará busca pelo produto no Exterior:

 

“O dólar valorizado é a última barreira para que isso aconteça. A indústria não pode se ver presa a uma realidade com poucas opções de fornecimento. Eventos como as discussões envolvendo Estados Unidos e China refletem no preço do insumo no mercado interno e que encarece a nossa operação. Não descartamos alternativas aos fornecedores locais”.

 

Segundo Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, há um excesso de capacidade de 550 milhões de toneladas no mundo, dos quais 280 milhões têm como origem a China. O volume tem potencial para ser direcionado ao país cujo mercado estiver mais aberto: “As importações estão menores agora por causa do real depreciado, mas pode haver invasão do aço chinês se o câmbio mudar. O cenário está muito indefinido”.

 

É esperado para este segundo sementre novo reajuste nos preços. A alta promovida pelas usinas pode chegar a até 12,5% em produtos como aços laminados, amplamente aplicados na produção de veículos.

 

Dados da FGV, Fundação Getúlio Vargas, apontam que o preço do aço no atacado subiu mais do que o dos veículos nos últimos onze meses. O IPA, ou Índice de Preços por Atacado, das bobinas a quente foi de 134,2 em junho, e o IPA dos veículos automotores chegou a 128,6. De dezembro de 2010 a dezembro de 2016 o IPA do aço foi inferior ao dos veículos — a partir de agosto de 2017, no entanto, o índice das bobinas passou a ser maior.

 

O propósito do IPA é medir o ritmo evolutivo de preços praticados no nível de comercialização atacadista, nas transações interempresariais, quer dizer, nas operações de comercialização que antecedem as vendas ao varejo.

 

Foto: Divulgação.