São Paulo – O Sindipeças acredita na manutenção da recuperação do setor de autopeças em 2019, quando, caso as projeções divulgadas pelo presidente Dan Ioschpe na terça-feira, 16, segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2019 no Hotel Transamerica, em São Paulo, se concretizem, será alcançado o terceiro ano consecutivo de crescimento no faturamento das suas associadas.
Em moeda local, as receitas do setor somarão R$ 98,8 bilhões este ano, crescimento de 14% ante 2017 – que por sua vez já apresentara avanço de 24% ante 2016, quando a indústria faturou R$ 86,6 bilhões. A equipe econômica do Sindipeças estima alta de 8,4% no ano que vem, bem acima da estimativa para o PIB, de 2,5%.
“Nos anos de crise registramos quedas superiores ao PIB, então é natural agora crescermos acima dele. Em 2019 vamos cruzar os R$ 100 bilhões de faturamento, alcançando R$ 107 bilhões em receita.”
A ocupação das fábricas, que chegou a 50% nos anos de crise – e que, segundo Ioschpe, mostrou a resiliência do segmento, que se manteve operando mesmo em um cenário adverso – encerrou agosto em 71%. Mas o dirigente entende que a recuperação e a expectativa para o ano que vem poderiam ser ainda melhores não fosse a crise Argentina:
“Estamos um pouco mais cautelosos por conta do solavanco na Argentina. As vendas lá caíram mais de 30% nos últimos meses e, na condição de um parceiro importante, essa baixa afetará nossa exportação de veículos, que hoje responde por 20% do volume total produzido. Por outro lado, seguimos entusiasmados com o mercado doméstico”.
O Sindipeças projeta alta de 5% na produção em 2019, em 3 milhões 140 mil veículos, sendo o avanço bem distribuído em veículos leves e pesados – 5% nos automóveis, 3% nos comerciais leves, 6% nos caminhões e 2% nos chassis de ônibus. Para o segmento de máquinas agrícolas a associação estima avanço de 4% no ano que vem, chegando a 58 mil unidades.
Ioschpe afirmou que independente da aprovação do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo que ainda tramita no Congresso, as autopeças investirão em pesquisa e desenvolvimento. O presidente do Sindipeças ainda ponderou alguns itens que considera importantes e ficaram de fora da política automotiva, como a simplificação tributária, obrigatoriedade de inspeção veicular e programa de renovação de frota.
Mais um ponto a merecer atenção, na visão do executivo, é o déficit na balança de autopeças. Em 2019 a entidade estima que superará os US$ 7,5 bilhões, 20% além deste ano. Ioschpe minimizou o aumento de importações, puxado pelo bom desempenho do mercado doméstico e introdução de novos modelos, que ainda não têm alto índice de nacionalização: para ele, as exportações não crescem em ritmo suficiente para balancear o saldo comercial.
Para crescer as exportações, segundo o executivo, o País precisa de maior integração com o resto do mundo. Em outras palavras, avançar em acordos comerciais com União Europeia, México e demais mercados – inclusive o Mercosul, com o qual, ao menos na área automotiva, ainda não há livre comércio.
Foto: Rafael Cusato.
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